sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Espirituais

“E eu, irmãos, não pude falar a vocês como a espirituais, mas como a carnais, como recém-nascidos em Cristo”. “A respeito de sermos espirituais, irmãos, não quero que vocês sejam ignorantes”. I Coríntios 3:1 e 12:1. (Tradução do autor).


Apesar das duras advertências feitas pelo apóstolo Paulo aos coríntios, em nenhum momento ele crê que os coríntios não eram salvos pela fé em Jesus Cristo, suas duras palavras procuravam despertá-los para uma vida cristã que demonstrasse a imagem de Cristo através do poder do Espírito Santo. Os coríntios não estavam vivendo uma vida controlada pelo Espírito Santo, mesmo assim, Paulo não diz que não tinham o Espírito Santo. Ao chamá-los de irmãos, ele afirma que O tinham, mas teria de falar-lhes como se não tivessem, isto é, como a carnais. Ao fazer a oposição entre carnal e espiritual, Paulo mostra que existe a possibilidade de se encontrar crentes verdadeiros que, num determinado momento, vivem dominados pelo pecado de tal forma que parecem que não são crentes. No Caso dos coríntios, nos primeiros capítulos, Paulo aponta um grave pecado no qual estavam vivendo, isto é, facção. “Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo” (1:12). A divisão entre eles era evidência de uma vida em que os desejos carnais dominavam. Semelhantemente aos descrentes, disputavam em grupos separatistas, ignorando a unidade do Corpo de Cristo, em quem foram salvos.
Ao longo da primeira Carta, Paulo procura despertá-los para uma vida espiritual baseada no fruto do Espírito: amor (13:1-3), longanimidade e benignidade (13:4), domínio próprio (13:4-5), bondade (13:5), fidelidade (13:7), mansidão (13:5, 7), alegria (13:6) e paz (13:7). Ele os convida a um caminho melhor, um caminho que os conduzirá a uma vida espiritual. Diante de tantos pecados: facção, imoralidade (5:1), egoísmo (6:7), orgulho (4:3, 7,8), heresia (15:12) e ainda a crença no fato de terem determinados dons e que isso os faziam espirituais. Paulo propõe, no início do capítulo 12, ensiná-los a respeito de uma vida espiritual. Por isso ele começa dizendo que não quer que sejam ignorantes a respeito de como ser espiritual. A mesma palavra que Paulo usa no capítulo 3:1 (pneumatikós), também usa em 12:1. Por que traduzir de modo completamente diferente, se ele ainda está advertindo aos coríntios a deixarem suas práticas carnais e se voltarem para uma vida espiritual? Os coríntios precisavam aprender que o exercício dos dons espirituais não é evidência de uma vida espiritual, visto que os dons são concedidos por Deus mediante sua graça para um propósito específico, não há nos dons nenhuma motivação para gloriar-se, visto que não são concedidos por méritos. Também precisavam aprender que não há um dom comum a todos os crentes, “pois se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo?” ( 12:19). Que eles tinham todos os dons é evidente (1:7). Que estavam mergulhados em muitos pecados também é evidente, contudo, o grande propósito da Carta é conduzi-los a uma vida espiritual.

sábado, 19 de setembro de 2009

O Que é o Inferno?

“E eu também digo a ti que tu és Pedro, e sobre esta rocha construirei a minha igreja e as portas da morte não vão segurá-la” Mateus 16: 18 (tradução do autor).


O uso da palavra “inferno” para traduzir várias palavras diferentes no Novo Testamento (NT) e a influência da mitologia Greco-romana levaram a um conceito completamente diferente de inferno daquele apresentado no texto original do NT. As palavras hades, geena e tártaro são traduzidas pela maioria das traduções por inferno. No entanto, elas apresentam conceitos distintos. Hades (4 vezes nos Evangelhos e 3 no Apocalipse) era a palavra usada na cultura grega para apontar o lugar para onde as almas dos mortos iriam; geena (11 vezes nos Evangelhos e 1 em Tiago) era o lugar onde ao redor de Jerusalém jogavam o lixo, restos de animais e indigentes, ou seja, o lixão. Por ser um lixão produzia um gás que mantinha o fogo aceso ininterruptamente. Jesus usa essa palavra para descrever o lugar de punição para os ímpios (Mt. 5: 22); tártaro (1 vez) descreve o lugar de prisão dos anjos caídos (2 Pe. 2: 4), na mitologia grega era o lugar onde foram aprisionados os deuses (colossos) derrotados numa batalha entre deuses.
Em nenhuma passagem no NT o Diabo é apresentado habitando o hades, geena ou tártaro. No Evangelho (Mt. 4:1) e nas epístolas (2 Co. 4: 4; Ef. 2: 2; 1 Pe. 5: 8) ele é apresentado habitando a terra, influenciando, tentando e cegando os homens. Sobre sua aparência não há nenhuma indicação de chifres e cauda, pelo contrário, ele se apresenta como anjo de luz (2 Co. 11: 14). De onde vem, então, a “crença” que o “inferno” é governado por Satanás e que lá ele atormenta as almas com um garfo de três dentes e que sua aparência é horrível? Certamente não vem da Bíblia. Na verdade, vem da mitologia grega. Pois nela havia o deus Hades que governava o mundo subterrâneo para onde as almas dos mortos iriam.
O Diabo será preso, segundo Apocalipse 20: 1-3, na vinda do Senhor Jesus à terra para estabelecer seu Reino Milenar, será solto após os mil anos, vencido e lançado para todo sempre no lago de fogo (Ap. 20: 10). Seria o lago de fogo o inferno? Pode ser que sim, contudo, Satanás não o governará, lá ele será punido eternamente. A morte e o hades serão lançados no lago de fogo (Ap. 20: 14). Diante disso, o que é o hades? Hades é o lugar onde os mortos estão. A partir da passagem do Rico e Lázaro (Lucas 16: 19-31), podemos concluir que: há uma separação entre a parte que os salvos habitam e a parte que os ímpios habitam (Lc. 16: 26); os ímpios podem ver os salvos (23); há lembrança da vida na terra (27, 28); há tormentos para os ímpios (23); há refrigério para os salvos (22, 25); não há possibilidade se passagem entre as partes (26); a única possibilidade de retorno a terra é pela ressurreição (31). Já que as portas do hades não deterão a igreja, pois ela ressuscitará, temos a esperança da vida eterna. Enquanto os que morrerem sem Cristo permanecerão no hades até ao dia em que ressuscitarão para a condenação eterna, a segunda morte (Ap. 20: 5, 11-13), o lago de fogo.
Em Mateus 16: 18, Jesus não estava se referindo a uma batalha entre o reino de Satanás e o Reino de Deus, embora o conceito de que exista essa batalha está presente no NT (Ef. 6: 12). Mas nesse momento Jesus estava se referindo ao poder da igreja frente à morte. O uso da palavra “porta” indica retenção ou resistência e nunca poderia indicar ataque. Jesus nos ensina que as portas do reino da morte não poderão deter a igreja. Aqueles que morrerem em Cristo vencerão a morte, ou seja, as portas da morte não prevalecerão contra a igreja de forma que possam impedi-la de sair. Jesus aponta o futuro, pois o último inimigo a ser vencido será a morte (1 Co. 15: 54-56).
Jesus Cristo é a rocha na qual a igreja está fundamentada (1 Pe. 2: 6-7). Diante das muitas opiniões acerca de quem seria ele, Jesus pesquisa entre seus discípulos o que eles crêem a seu respeito. A resposta de Pedro mostra que de fato criam na divindade de Cristo “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Jesus, então, consola seus corações a respeito da morte ao dizer que a igreja não permanecerá na morte, assim como Ele vencerá a morte, tornando-se o primeiro de muitos, assim também a igreja vencerá (1 Co. 15: 20-23). Jesus os está preparando para o evento de sua morte e apontando que sua morte não será o fim, mas o começo de uma nova era.
Graças a Deus que as portas da morte não deterão a igreja!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A Salvação Executada

“Assim, meus amados, como sempre vocês obedeceram, não apenas na minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor”. Filipenses 2: 12. (NVI).


A salvação pela graça é a doutrina mais importante do Evangelho, pois ela expressa o grande amor de Deus pela humanidade. Ao sabermos que fomos salvos pela graça e misericórdia de Deus, nosso coração se enche de gratidão e somos cativados a dizer: “Como posso retribuir ao Senhor toda a sua bondade para comigo?”. A resposta é nos dada logo em seguida: “Erguerei o cálice da salvação” (Sl. 116: 12). É evidente na resposta a posse da salvação, então poderíamos dizer: como retribuirei ao Senhor a salvação recebida? E concluindo que não há nada que poderíamos fazer para pagá-la, responderíamos: tornarei pública a salvação do Senhor. Assim entendemos que o salmista manifestava sua imensa gratidão e vasculhava no coração uma maneira de agradar ao Senhor diante de tamanha graça. Contudo, reconhece que vivê-la seria a melhor maneira de expressar gratidão.
Quando lemos o Novo Testamento podemos observar, principalmente o apóstolo Paulo, se esforçando para convencer seus leitores que a salvação efetuada em nós deveria nos conduzir ao “exercício de nossa cidadania de maneira digna do Evangelho” (Fp. 1: 27), que uma vez salvos, “somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras” (Ef. 2: 10) e mais, “Nós os que morremos para o pecado, como podemos continuar nele?” (Rm. 6: 2). Constantemente ele reafirma que a salvação é um presente de Deus e que ninguém é salvo pelas obras ou esforço, pois a glória é toda de Cristo (Ef. 2: 8-9).
Assim também aos filipenses ele ordena: “Ponham em ação a salvação de vocês”. A palavra grega εαυτων (heautôn) traduzida por “de vocês” indica posse, isto é, a salvação pertence a vocês, foi dada a vocês, então, vivam-na, executem-na, ponham-na em prática. Não podemos deixar de perguntar como fazer isso, todavia, a resposta está no versículo 5, o qual ordena: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus”. Tal atitude de Cristo é descrita nos versículos 6 a 8, a qual é obediência. Ainda no versículo 12 ele reafirma a obediência. Assim, pôr em prática a salvação significa obedecer a Palavra de Cristo.
Se nós somos salvos, somos de Cristo, pertencemos a ele. Fomos comprados por preço de sangue, ele se tornou nosso Senhor. Logo, não somos de nós mesmos, somos dele, devemos viver para ele. Portanto, temor e tremor deveria ser nossa atitude para com aquele que é todo-poderoso, se primeiro o amor não inundasse nosso coração, derramado pelo Espírito Santo, o qual habita em nós.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O Machado de Eliseu

“Sucedeu que, enquanto um deles derrubava um tronco, o machado caiu na água; ele gritou, e disse: Ai! Meu senhor! Porque era emprestado”. 2º Reis 6: 5.


Eliseu é um profeta de grande importância no Velho Testamento, pois ele foi um dos poucos que, entendendo o propósito de Deus para a humanidade, propôs alcançar o maior número possível de pessoas com a Palavra de Deus. Numa visão que antevia o sistema pedagógico de Jesus, o qual preparou um grupo de discípulos para que pudesse alcançar através deles um maior número de pessoas com o Evangelho, dá continuidade a um sistema semelhante, uma escola de profetas. Seu objetivo era levar a Palavra de Deus a todas as pessoas em Israel, contudo, a Palavra foi além das fronteiras (2º Reis 5: 1-19). Além de formar novos profetas, também se preocupava com suas necessidades familiares (2º Reis 4: 1-7). Através dessa escola de profetas, preparou inúmeros homens para que fossem até ao povo com a Palavra de Deus. Povo que para ouvi-la tinha de se deslocar até ao Templo de Jerusalém e lá após realizar seu sacrifício pelo pecado, permanecer ainda mais um pouco para aprendê-la. É evidente que poucos teriam condições de se deslocar para Jerusalém constantemente, assim o conhecimento do Senhor estaria restrito a um pequeno grupo de privilegiados. Mas o Senhor deseja que todos cheguem ao conhecimento da salvação. Eliseu, então, cumpre o mandato do Senhor ao levar a bênção a todas as famílias por meio da Palavra de Deus. E assim, Deus avivou aquele povo de tal maneira, que a casa onde funcionava a escola ficou pequena para abrigar tantos novos candidatos a missionários. Os alunos, empolgados com a possibilidade de ampliar o número de novos profetas, sugerem a Eliseu ampliar a escola. Eliseu acata a sugestão e após insistirem, os acompanha nessa empreitada.
Naquela época, século IX a. C, o machado era um instrumento caro e incomum, haja vista que provavelmente a escola de profetas não teria recursos abundantes, pois era independente do governo e do sistema religioso organizado, o Templo de Jerusalém. A prova disso é o fato de terem tomado emprestado o machado. Enquanto manuseava-se o machado, não se percebeu que ele afrouxava e por fim veio a soltar-se do cabo e cair no rio Jordão. O desespero tomou conta dos discípulos, mas o homem de Deus com toda sua experiência estava presente e após identificar o lugar exato onde o machado caíra, fez o ferro flutuar a partir de uma madeira lançada no lugar da queda. A alegria foi restaurada e a Obra do Senhor prosseguiu.
Além de aprendermos com o exemplo de Eliseu, um homem que se preocupou em encher a terra com o conhecimento do Senhor, também podemos extrair algumas lições do episódio com o machado: I. Assim como o machado era emprestado e fundamental ao serviço, assim também Deus nos emprestou dons e talentos essenciais à realização da Sua Obra e um dia teremos de prestar contas; II. Assim como o machado se afrouxou na mão do profeta, assim também nossos dons podem se afrouxar e tornar-se ineficazes por causa de nossos pecados não confessados; III. Assim como o profeta insistiu em continuar cortando as árvores com o machado frouxo, assim também se insistirmos em fazer a Obra de Deus em pecado, nós perderemos nossos dons; IV. Após o profeta perder o machado, Eliseu o restituiu depois de identificar o lugar da queda e lançar uma madeira sobre o local, assim também a restituição do crente ao serviço do Senhor não acontecerá sem que lembre onde caiu, arrependa-se e volte às praticas das primeiras obras, crendo que o sangue de Cristo derramado no madeiro nos purifica de todos os pecados; V. Contra todas as leis da física, o machado flutuou no rio, assim também contra todas as opiniões, as quais dizem: para ti não há mais jeito, Deus diz: Tudo é possível ao que crer.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Presbíteros de Éfeso Ouvem Paulo em Mileto

Atos 20: 17-38

“Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do Evangelho da graça de Deus”. Atos 20: 24.


Esse é o terceiro discurso de Paulo em Atos, o primeiro foi dirigido aos judeus (cap. 13), o segundo aos descrentes (cap. 17) e esse aos presbíteros. Seu objetivo era aconselhá-los a partir de seu exemplo, como disse Pedro: “Não como dominadores dos que vos foram confiados, mas tornando-vos exemplos do rebanho” (1º Pe. 5: 3). Paulo começa e termina seu discurso citando sua maneira de conduzir-se no meio deles. Um proceder constante e perseverante que visava exclusivamente o ensino da Palavra de Deus particular (nas casas) e publicamente (na sinagoga e na escola de Tirano (At.19:9)). O centro de sua pregação é apresentado no v. 24: “O Evangelho da graça de Deus”. Ele o desenvolve resumidamente nessas poucas palavras, nas quais podemos extrair ensinos valiosos sobre o Evangelho: 1º Arrependimento e Fé (v.21) – são fundamentos para a salvação do ouvinte, a mensagem que não desperte arrependimento de pecados e não conduza à fé em Jesus para a salvação, jamais poderá ser considerada uma pregação do Evangelho; 2º A graça (v.24) – o evangelho é a manifestação do favor de Deus ao homem que merece apenas a condenação, mas que devido à rica e abundante misericórdia de Deus, pela fé em Cristo, pode receber a salvação como presente de Deus (Ef.2: 8,9); 3º A aquisição (v.28) – somos adquiridos por Cristo, exclusivamente dele. O verbo traduzido por comprar indica uma ação de salvar e uma aquisição exclusiva, também aparece em 1º Tess. 5: 9; 2º Tess. 2: 14 e 1º Pe. 2: 9 sempre trazendo a idéia de posse exclusiva. Não é por acaso que Paulo usou o termo “servindo como escravo ao Senhor” (20: 19); 4º A edificação (v.32) – a firmeza não vem se não pela Palavra, a qual manifesta a sublime riqueza da graça de Deus. A graça nos leva à gratidão, a gratidão à perseverança, a perseverança à solidez, assim na graça edificamos uma casa sobre a rocha, pois se a nossa salvação dependesse de nossas obras ou méritos, seríamos como a casa firmada sobre a areia (Mt. 7: 24-27); 5º A herança (v.32) – não apenas fomos comprados, mas também recebemos o status de filho, sentamos a sua mesa, comemos de seu pão e bebemos de seu vinho. Pois no seu sangue foi ratificado um novo testamento, pelo qual fomos feitos herdeiros incondicionalmente.
Também nesse discurso, podemos aprender sobre as reais características de um servo que ama seu Senhor e se dedica ao seu chamado, façamos um diagnóstico de nós mesmos à luz desse servo exemplar, o qual pôde dizer: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1º Co. 11: 1). Não é difícil dizer às pessoas o que elas tem de fazer, difícil é arrastá-las após si. Paulo os arrastou após si, conquistou seus corações e agora diante de sua partida, sabendo que não mais o verão, o beijam com ternura. Vejamos algumas atitudes de Paulo que o qualificaram a tornar-se um líder de credibilidade: 1º Grande devoção no serviço do Senhor; tristezas, dificuldades e perseguições não o afastavam do seu objetivo (v.19); 2º Fidelidade à chamada para anunciar a Palavra de Deus a todos, em qualquer hora ou lugar (v.20); 3º Colocar o Reino de Deus em primeiro lugar na vida, acima de tudo, até mesmo da própria vida (v.24); 4º Amizade sincera, sem invejas ou cobiças, nunca abusou da liberdade concedida pelos irmãos para explorá-los. Apesar de que os que estavam com ele, estavam servindo à igreja e ao Evangelho, nunca impôs sobre os irmãos o dever de sustentá-los, embora devessem. Contudo, Paulo estava disposto a fazer isso com suas próprias mãos (vs.33,34).
Nessa passagem duas palavras são usadas para liderança: presbýteros e epískopos; a primeira é transliterada para presbítero e a segunda para bispo. Ambas trazem a mesma idéia: aquele que lidera, supervisiona.
Para maior esclarecimento leia meu artigo “Presbítero ou Bispo”. http://profemersonalmeida.blogspot.com/2008/09/presbtero-ou-bispo.html

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Paulo Visita Macedônia, Grécia e Cidades do Egeu

Atos 20: 1-16

“Porque a nossa momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas”. 2º Coríntios 4: 17-18.


Durante três anos Paulo esteve em Éfeso, desenvolveu um excelente trabalho de ensino e implantação de igrejas. Em Éfeso foi informado pela casa de Cloe (1º Co. 1: 11) acerca das divisões entre os coríntios, então, lhes escreve a primeira carta (1º Co. 16: 19), corrigindo-os e manifestando o desejo de visitá-los (1º Co. 4: 19), envia-lhes Tito. Depois de algum tempo, Paulo já na Macedônia (Atos 20: 1), Tito o encontra com boas notícias acerca do impacto da primeira carta e conseqüente arrependimento dos coríntios (2º Co. 7: 5-8). Paulo, então, escreve a segunda carta aos coríntios. Ao tratar dos assuntos ainda pendentes, Paulo aproveita para ensinar-lhes a respeito da generosidade, testificando do amor demonstrado pelas igrejas da Macedônia, as quais estavam acima de suas posses mostrando voluntariedade (2º Co. 8: 1-9). Uma igreja deve manifestar superabundância, tanto na fé e na Palavra, como no saber e em todo cuidado, também no amor para com a Obra de Deus e para com os irmãos necessitados. O crente que não participa da Obra com suas ofertas, realmente não ama. E pobreza não é desculpa. Ao chegar a Corinto, permanece ali por três meses (Atos 20: 2-3), Esse tempo, aparentemente longo para uma visita de fortalecimento, foi necessário para colocar em ordem as muitas coisas pendentes e julgar todas as questões (2º Co. 13: 1). Disposto a voltar a Jerusalém para levar as ofertas levantadas por ele aos pobres da Judéia, decide passar novamente pela Macedônia, Trôade e Ásia, onde se reuniu com os presbíteros de Éfeso.
Em Atos 20: 7, temos a primeira menção do domingo como dia separado para reunião dos crentes (1º Co. 16: 2) e celebração da Ceia do Senhor. É evidente a relação entre a comemoração da morte do Senhor e o dia de sua ressurreição, visto que a Ceia do Senhor tem por objetivo trazer à memória a morte e a ressurreição do Senhor. O uso do infinitivo no texto original indica que a reunião tinha o propósito de partir o pão. É importante ressaltar que o segundo partir do pão no verso 11 refere-se a uma refeição comum e não a celebração da Ceia do Senhor, por isso o uso de outra estrutura verbal no texto original. Certamente precisavam se alimentar, pois a reunião durou a noite toda. Também era uma boa oportunidade de comunhão entre os irmãos, como nos ensina os primeiros crentes de Jerusalém “tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração” (Atos 2: 46). A igreja precisa reviver esses momentos, os crentes precisam se conhecer melhor. Vivemos um tempo onde o individualismo reina, onde as amizades são apenas virtuais, onde não temos tempo de nos envolver com os irmãos, conhecer suas necessidades, exercer a misericórdia. “Porque nenhum de nós vive para si mesmo...” (Rm. 14: 7).
O valor e o amor às Escrituras estavam evidentes na igreja de Trôade, foi ali que na segunda viagem missionária Paulo recebeu a visão que o impeliu à Macedônia (Atos 16: 8-10), entrando na Europa pela primeira vez com o Evangelho. A tão famosa Tróia com seus heróis e deuses, agora recebe o Evangelho da graça de Deus, a semente germina e mostra seu fruto na sede pela Palavra de Deus. Até mesmo Êutico, que provavelmente trabalhara duro durante todo o dia, estava ali para ouvir a Palavra de Deus. Apesar de toda dificuldade, recebeu a bênção do Senhor. Simbolicamente podemos dizer que aquele que ama a Palavra do Senhor, jamais ficará na morte. Mas como disse o apóstolo Paulo por causa da indiferença dos coríntios em relação à Ceia e a Palavra do Senhor “Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem” (1º Co. 11: 30).

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Paulo Enfrenta o Império da Idolatria

Atos 19: 23-40

“Congregai-vos e vinde; vós que escapastes das nações; nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar”. Isaías 45: 20.



Na segunda viagem missionária, Paulo desejou pregar na Ásia, contudo foi impedido pelo Espírito Santo e conduzido à Europa (Atos 16: 6). Agora, na terceira viagem missionária, Deus lhe abre a porta à Palavra. Precedido por Áquila e Priscila (Atos 18; 18, 19), encontra em Éfeso, principal cidade da Ásia Menor, uma grande oportunidade para pregação do Evangelho. Éfeso era uma cidade dominada pela idolatria e ocultismo (Atos 19: 19), sua economia dependia do forte comércio, pois era rota de passagem entre o Oriente e o Ocidente. Estava em Éfeso uma das sete maravilhas do mundo antigo, o templo da deusa Ártemis (enquanto que no texto original do Novo Testamento os deuses citados pertencem ao panteão grego, as nossas traduções utilizam os deuses do panteão latino (romano) equivalentes ao grego. Por isso, onde se diz Ártemis, “traduzem” por Diana; Zeus por Júpiter; Hermes por Mercúrio (Atos 14: 12) etc.). Esse magnífico templo era o orgulho da cidade e através dessa idolatria muitos enriqueciam, vendendo suas imagens religiosas, fazendo dessa atividade uma grande fonte de renda e trabalho (Atos 19: 25). É interessante como a idolatria sempre tem uma origem obscura, no caso dos efésios, acreditavam que a imagem da deusa tinha caído do céu (Atos 19; 35) e isso era suficiente para convencer a multidão que naquela pedra havia poder sobrenatural. Não é diferente a situação idólatra brasileira.
Algumas peculiaridades podem ser destacadas no trabalho missionário de Paulo em Éfeso: 1º O momento de iniciar o trabalho foi determinado explicitamente por Deus (Atos 16: 6); 2º O tempo de permanência em Éfeso foi maior do que em qualquer outra cidade (Atos 19: 8 10); 3º Milagres extraordinários foram realizados, o que nem sempre acontecia (Atos 19: 11); 4º Implantou-se uma escola bíblica (Atos 19: 9 10); 5º O Evangelho repercutiu por toda região ao ponto de abalar o legado de séculos da idolatria (Atos 19: 26); 6º Contra tudo que se podia esperar, Paulo teve apoio da elite romana representante na cidade (Atos 19: 31, 35). Apesar da extraordinária intervenção de Deus no ministério de Paulo em Éfeso, não foi fácil. Ele nos apresenta em passagens como Rm 16: 4; 1º Co. 15: 32 e 2º Co. 1: 8 que se não fora a misericórdia de Deus, ele teria morrido. Em muitos momentos sua vida esteve em risco ao ponto de em alguns momentos ele até se conformar com a morte. Mas a sua esperança cada vez se fortalecia, pois sabia em quem tinha crido. Em nenhuma outra cidade é tão enfatizado a importância do ensino da Palavra de Deus. Não poderemos combater idolatria criando idolatria disfarçada na igreja, não poderemos combater ocultismo criando rituais semelhantes na igreja, mas sim com a espada do Espírito que é a Palavra de Deus (Efésios 6: 17). Isso nos ensina que não poderemos combater a idolatria e ocultismo sem o ensino sistemático da Palavra de Deus, como disse Jesus: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8: 32). Ou também Paulo: “A fé vem por ouvir a pregação da Palavra de Cristo” (Rm. 10: 17).
Quanto maior a luta, maior a vitória. Em Éfeso, onde Paulo teve tribulação acima de suas forças, também teve um êxito que não houve semelhante em outro lugar. O Evangelho teve tamanha repercussão que igrejas foram fundadas num raio de até 160 km da cidade de Éfeso, podemos citar as outras seis igrejas mencionadas no livro do Apocalipse capítulos 2 e 3. Precisamos estar sempre alertas, pois mesmo que no passado se tenha ensinado muito a Palavra de Deus, o ensino precisa ser constante, visto que a operação do erro está sempre rondando, querendo entrar na igreja. Mesmo Paulo durante anos ter ensinado minuciosamente a Palavra de Deus em Éfeso, o falso ensino sempre precisava ainda ser combatido, a despeito disso Paulo roga a Timóteo que permaneça em Éfeso para admoestar a certas pessoas a fim de não ensinarem outra doutrina (1º Tm. 1: 3). Mesmo uma igreja nascida sobre sólidos fundamentos bíblicos, tendo recebido uma “overdose” de estudos bíblicos no início, pode vir a abandonar o primeiro amor e se não lembrarem onde caíram, se não se arrependerem e não voltarem a prática das primeiras obras, podem vir a deixar de existir como igreja, veja exemplo de Éfeso (Ap. 2: 1-7). Que Deus nos guarde disso!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Apedrejado em Listra por Judeus de Antioquia e Icônio

ATOS 14


“Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão” (2º Timóteo 4: 17).



A primeira viagem missionária continua pela Ásia Menor, especificamente ao sul, conhecida por Galácia, estas igrejas mais tarde recebem do Apóstolo Paulo a Carta aos Gálatas. Nesse capítulo veremos a evangelização das cidades de Icônio e Listra. Em Icônio, como sempre, Paulo e Barnabé vão primeiro à sinagoga, mostrando sua contínua preocupação com seus patrícios (At.13: 46; Rm. 9: 2-5). Ali, por muito tempo (v. 3), tiveram mais liberdade para pregar e o fizeram com tamanha ousadia, que muitos creram. Interessante a ordem em que as coisas acontecem: 1º muitos convertidos; 2º muitos sinais. Isso mostra que a principal preocupação do evangelista é com a pregação, pois por ela vem a fé e não em curar as pessoas. Essa receptividade acompanhada da fé proporciona ao Apóstolo, segundo orientação do Senhor, realizar muitos sinas e prodígios, os quais confirmavam a pregação. Logo, toda a cidade estava alvoroçada a ponto de se dividir. Parece que os judeus tinham tanta influência na cidade que conseguiriam ultrajar e apedrejar os apóstolos, toda via, mais uma vez, eles fogem e o tumulto encerra. Mas a igreja continua.
Em Listra, cidade bastante antiga, a qual falava seu próprio idioma (v. 11) e que tinha uma crença na qual, segundo Ovídio, no passado os deuses Zeus, o principal dos deuses gregos e Hermes seu mensageiro, (no panteão latino: Júpiter e Mercúrio) tinham visitado a cidade em forma humana e que por não terem sido bem recebidos, puniram a cidade. Essa crença estava fortemente presente no povo. Quando Paulo e Barnabé chegam à cidade, começam a evangelização, provavelmente na praça, onde se concentrava o aleijado. Esse ouve atentamente a pregação de Paulo (v. 9) e mostra-lhe sua fé em Jesus. Diante disso, Paulo ordena que levante. É bom ressaltar o dom de cura concedido por Cristo aos Apóstolos, o qual era uma das credenciais do apostolado (2º Co. 12: 12). Esse dom proporcionava ao Apóstolo autoridade de ordenar a cura, diferentemente do que acontece hoje, quando oramos e pedimos ao Senhor que segundo sua vontade cure o enfermo. Oramos e suplicamos porque não temos o dom de curar. O Senhor, sendo o mesmo ontem e hoje, cura ou não, segundo seu propósito. A multidão, ao ver tamanho sinal, cega por sua crença, grita em sua própria língua: “Os deuses em forma de homens baixaram até nós” (v. 11) e procura honrá-los apropriadamente, trazendo-lhes sacrifícios e enfeites próprios daquelas divindades. Contudo, os apóstolos rejeitam com veemência, pois é contra essas crendices vãs que o Evangelho se apresenta, para libertar o povo da mentira de Satanás que escraviza o homem, tornando-o presa fácil. Encontramos nos versos 15 a 17 um resumo excelente do Evangelho, que deveria permear nossas pregações, para que nosso povo também seja liberto das suas crendices e que muitas vezes, quando a liderança não vigia, traz para a igreja e se mistura com o Evangelho. Depois de tudo contornado, os apóstolos ainda enfrentam a perseguição dos judeus e dessa vez, conseguem apedrejar Paulo a ponto de o considerarem morto. Que lição para nós! Tantas lutas, intrigas e dores, mas eles continuam firmes. Voltam às igrejas estabelecidas, fortalecem os irmãos e promovem a eleição de presbíteros. Esse processo eleitoral acontecia entre os crentes e estes votavam levantando as mãos. Lucas, o autor do Livro dos Atos, usa o verbo grego χειροτονέω (cheirotonéo) que é traduzido em muitas versões como eleição, essa palavra não apenas indica eleição, mas também o processo pelo qual a eleição é feita, isto é, levantando as mãos.
Depois de concluírem todo o planejamento, Eles voltaram à igreja que os tinha recomendado, na outra cidade chamada Antioquia, essa da Síria. (Havia 16 cidades com o nome de Antioquia. Um antigo imperador nos anos 280 a. C. deu o nome de seu pai e de seu filho, “Antíoco”, a elas). Eles relataram tudo o que aconteceu, trazendo grande alegria e motivação aos crentes. Mesmo diante de um impasse doutrinário, não recuaram, resolveram a questão (Atos 15) e já planejaram outra viagem missionária. Que igreja ativa! Vamos imitá-la?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A Oposição dos Judeus ao Evangelho

“... Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais, e vós não julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios” Atos 13: 46.


A primeira viagem missionária do apóstolo Paulo continua, depois de saírem da ilha de Chipre, chegam ao sul da região da Galácia, na Ásia Menor (hoje Turquia). Havia nessa região uma forte comunidade judaica, visto que uma sinagoga, só era constituída a partir de no mínimo onze homens e tinha muita influência na elite da cidade (v. 50). Paulo sempre desejoso de levar os seus patrícios à Cristo (Romanos 9: 2-3) inicia a evangelização por eles, Paulo e Barnabé se aproximam e esperam uma oportunidade para lhes comunicar Cristo. Com eles aprendemos que evangelização se dá quando os crentes se aproximam dos descrentes e não o inverso. Paulo e Barnabé foram até eles e como era prática comum no século I nas sinagogas haver um espaço para discurso por um membro, perguntaram se eles tinham alguma palavra, prontamente aproveitam para anunciar o Evangelho. No seu discurso, Paulo segue um método muito comum no livro de Atos e que deveria ser seguido por todos que querem apresentar o Evangelho de forma simples e objetiva: 1º Começa pela história de Israel, apontando alguns pontos importantes no Velho Testamento que mostram Deus preparando o caminho para a vinda do Messias (17-23); 2º Apresenta o testemunho de João Batista e sua convocação ao arrependimento e a fé naquele que estava por vir (24-26); 3º Apresenta a vida de Jesus, destacando a morte e toda a conspiração dos judeus, os quais por ignorância cumpriram as profecias do Velho Testamento ao entregarem Jesus aos romanos para ser executado (27-29); 4º Apresenta a divindade de Cristo confirmada pela ressurreição e pelas profecias, as quais são algumas citadas e explicadas (30-37); 5º Por fim, conclui, apelando para que cressem em Jesus para que seus pecados fossem perdoados, algo que jamais conseguiriam pela Lei de Moisés e adverte que se rejeitassem seriam considerados desprezadores de Deus, ou seja, rejeitar a Cristo era rejeitar àquele a qual diziam temer e também às Escrituras (38-41). Ao terminar, se apresentam os convertidos, judeus e gentios crêem e começam a ser discipulados por eles (43), certamente isso é feito ao longo da semana que separa o próximo sábado.
A oposição dos judeus, movidos por inveja e descrença se apresenta fortemente. No início, procurando impedir a pregação, fecham a sinagoga para o Evangelho e persuadem a elite local a expulsar Paulo e Barnabé da cidade. Apesar de terem êxito nisso, não conseguem impedir o crescimento dos crentes. Forma-se ali uma nova igreja local. Mas a oposição dos judeus não se restringia ao impedimento à pregação, mas tarde, quando percebem que não podem impedir a pregação, adotam outra estratégia. Ao se ler a Carta do apóstolo Paulo aos Gálatas, escrita alguns anos mais tarde, percebe-se que essa outra estratégia é a perversão do Evangelho. Paulo fica admirado de terem passado tão depressa do Evangelho da graça pregado por ele para outro evangelho ou um misto de evangelho e judaísmo (Gálatas 1: 6-7). Hoje, o inimigo de Deus continua utilizando a mesma estratégia: perseguição e perversão. A mais comum das perversões é o ensino de uma salvação através do merecimento dos homens ou “boas obras”, anulando assim a salvação pela graça por meio da fé. É impressionante que essa perversão pode até atingir crentes sinceros e verdadeiros, levando-os ao erro e muitos através deles, como, por exemplo, o apóstolo Pedro e Barnabé que confrontados por Paulo, tornaram-se repreensível, pois persuadidos pelos judeus, apoiavam essa outra mensagem, a qual se baseava na salvação pela obediência à Lei de Moisés. Paulo, indignado, reafirma a justificação por meio da fé em Cristo Jesus (Gálatas 2: 11-21). Paulo também não poupa a igreja desse desvio, pois os chama de: “Ó gálatas insensatos” (Gálatas 3: 1). Meus irmãos, assim como os gálatas, nós estamos também sujeitos às investidas do inimigo, o qual age pervertendo o Evangelho. Precisamos voltar ao estudo sistemático da Palavra de Deus. “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mateus 22: 29).

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Poder do Evangelho

“Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”. Atos 13: 2.



Começa aqui a primeira viagem missionária de Paulo, tendo já sido chamado por Deus anteriormente (Atos 9: 15, 16), obedecia pregando onde quer que estivesse (Atos 9: 20). Contudo, nesse momento, é reconhecido e enviado pela igreja para um trabalho específico.
Muitos pontos importantes se pode aprender sobre o relacionamento entre missão, igreja e obreiro: 1º - Deus deu uma missão a igreja – anunciar a Palavra de Deus a todas as pessoas, cada igreja tem a responsabilidade de atender essa ordenança do Senhor, executando esse serviço da melhor e mais abrangente forma possível. Em Antioquia anunciavam a Palavra aos judeus primeiramente e depois a todos (Atos 11: 19, 20), é evidente que esse trabalho era feito pelos crentes em suas horas vagas ou quando tivessem oportunidade. Assim também os cinco mestres da igreja serviam no ministério de ensino. A palavra grega leitourgéo, significava exercício do serviço público sem remuneração, também era utilizada para serviço religioso ministrado pelo sacerdote (Hebreus 10:11). 2º - À medida que a igreja cresce, cresce também a visão de alcançar o maior número possível de pessoas, chega o momento de levantar obreiros para essa tarefa, sustentá-los para poderem servir em todo o tempo. Concluímos que a missão mais importante da igreja é a pregação da Palavra, tudo deve cooperar para esse objetivo. Dinheiro, estrutura física, projetos, reuniões administrativas, tudo deve ter esse foco: anunciar a Palavra de Deus em todo o tempo. Cabe a igreja organizar e sustentar esta tarefa, a igreja fará isso com os recursos arrecadados entre os membros. 3º - A igreja deverá separar, entre os irmãos, àqueles que foram chamados pelo Senhor para esse serviço específico (v.2), esse “chamado” deverá ser reconhecido pelos irmãos, pois precisarão se identificar e apoiá-los (v.3). É necessário que esses irmãos estejam ou se tornem habilitados e preparados na Palavra, como Paulo e Barnabé eram (mestres na Palavra ou professores da Palavra). Deverão ser irmãos que já estejam envolvidos no trabalho do Senhor no pouco tempo que têm.
Agora, dispostos e apoiados pela igreja em Antioquia saem para um serviço específico e planejado, sua missão: anunciar o Evangelho e formar novas igrejas na ilha de Chipre e região da Galácia. Paulo, Barnabé e João Marcos (como auxiliar) começam seu ministério. Ao chegarem a Chipre enfrentam obstáculos comuns aos pregadores da Palavra, isto é, oposição daqueles que dominam religiosamente o povo e não querem perder seu poder. A Palavra prospera, encontrando corações sedentos, desejosos de conhecer o Deus vivo, aliviados pela graça salvadora, encontram paz e certeza de salvação. A oposição se apresenta como desvio da verdade, Elimas, o mágico, pois assim era chamado e isso significava que ele se apresentava como um representante da divindade, como alguém que interpretava os sinais divinos, quer fossem através de sonhos ou qualquer outro sinal considerado sobrenatural, dominava a vida religiosa do representante de César na ilha, Sérgio Paulo e por meio desse “poder” dominava também os habitantes da ilha. Mas nada resiste ao Poder da Palavra de Deus, a Verdade liberta e os novos crentes são libertos das mentiras e enganos de Elimas. Através de Jesus Cristo têm agora acesso ao Pai e não precisam de um intermediário como Elimas, que segundo as palavras de Paulo, “pervertia os retos caminhos do Senhor” (v.10). Deus opera por meio de Sua Palavra, por isso a principal arma de Satanás é a perversão do Evangelho. Como Satanás faz isso? Através de seus agentes, ele apresenta uma mensagem como vinda de Deus, apresenta “sinais”, supostamente miraculosos para confirmar a mensagem pregada. Contudo, esses “sinais” não passam de perversão, a Palavra é pervertida e os “sinais” são mentirosos. Não são poucos os que se deixam enganar, Sérgio Paulo era um homem instruído em muitas coisas, mas lhe faltava o conhecimento de Deus. Assim, a palavra de Cristo ainda ecoa nos nossos dias “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna e são elas mesmas que testificam de mim” (João 5: 39). O povo sofre porque lhe falta o conhecimento de Deus.
O poder do Evangelho fica evidente na admiração do pro cônsul, Lucas nos diz que ele creu maravilhado com a DOUTRINA DO SENHOR. É claro que a cegueira de Elimas chamou a atenção do pro cônsul, ele se torna disposto a ouvir, mas não foi a manifestação sobrenatural do poder de Deus, cegando àquele que espiritualmente já era cego, que salvou o pro cônsul. A salvação vem pela fé e a fé vem pela pregação do Evangelho, ele precisou ouvir a doutrina do Senhor (Evangelho) para crer. Essa é a missão da igreja: ensinar o Evangelho, isso não se faz em um minuto, precisa-se tempo, disposição e acima de tudo precisa conhecer o Evangelho, se os crentes não estão conhecendo o Evangelho de Jesus Cristo, como queremos que o mundo creia? Uma igreja que não anuncia a Palavra de Deus aos que estão fora deixa a impressão de que os que estão dentro ainda não conheceram plenamente o Evangelho. O poder do Evangelho é manifesto através da Palavra de Deus, e essa precisa ser anunciada e o Espírito de Deus conduzirá o ouvinte à salvação, segundo seu poder. Que Deus nos desperte para isso!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A Mais Pura Adoração

“Adoração pura e sem mancha para com Deus e Pai é esta: visitar órfãos e viúvas nas suas dificuldades e conservar a si mesmo incontaminado do mundo”. Tiago 1:27 (tradução do autor).


Θρησκεία (threskeía) é a palavra grega traduzida por religião em sete traduções (ARA, AA, NVI, ACF, KJV, RV e BLH). No seu sentido está incluso a idéia de ações religiosas realizadas num culto, que são: adoração, culto, louvor, exaltação e honra. Tiago nos apresenta obras que são adoração a Deus e não meios de nos re-ligar a Deus, obtendo expiação de pecados. Religião significa re-ligação, é certo que o homem está afastado de Deus por causa de seus pecados, como disse Isaías: “Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (59: 2). Mas como o Evangelho apresenta o caminho da re-ligação? Através das obras? Certamente que não, mas, sim, por meio da fé em Jesus Cristo que por sua morte nos aproxima de Deus, oferecendo-nos o perdão de todos os nossos pecados. “Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é presente de Deus” (Efésios 2: 9). Sendo assim a re-ligação a Deus não consiste em obras que praticamos, mas na fé em Jesus. O que, então, Tiago está nos dizendo? Ele nos diz que uma vez que fomos salvos por meio da fé em Cristo, nos tornamos novas pessoas, desejosas de mostrar a sua fé através de atos que correspondem verdadeira adoração a Deus que nos salvou. Como disse em outro momento: “Assim também a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (2: 17), isto é, a verdadeira fé é seguida pela adoração.
Diante disso deparamos com a idéia presente que adoração consiste apenas em cantar louvores a Deus, também é, mas adoração é muito mais que isso, adoração é prática, atitude, como disse Jesus: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5: 16). Adorar a Deus é obedecer a sua Palavra, é vivê-la de modo que desperte naqueles que nos cercam interesse em conhecer a Deus. As maiores adorações devem acontecer durante a semana, fora do ambiente religioso. E, então, quando chegarmos à igreja, a nossa adoração ali será o resultado sincero daquelas realizadas no dia-a-dia.
Tiago nesse versículo acima destacado nos aponta algumas atitudes de adoração, as quais ele considera pura e sem mancha que são: visitar os órfãos e viúvas e manter-se puro diante das tantas oportunidades oferecidas no mundo para transgredir os mandamentos do Senhor. Realmente o mundo nos assedia de tal forma que precisamos de uma postura de soldado ante o inimigo, atento e vigilante. Tais atitudes são atos de adoração e não de re-ligação a Deus, pois fomos re-ligados a Deus por meio da cruz de Cristo. Assim, a melhor tradução é adoração e não religião. Glória a Deus, que por sua graça fomos salvos.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

INSPIRAÇÃO

“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”. II Timóteo 3: 16.



“Inspirada por Deus” é a tradução da palavra grega θεόπνευστος (theópneustos) que realmente significa que o próprio Deus revelou tais palavras diretamente ao homem sem nenhum meio intermediário. Convém ressaltar que essa inspiração não se deu por um processo possessivo mental em que o homem perde suas faculdades mentais e fica totalmente “dominado” por seu possuidor, não tendo lembrança posterior do ocorrido enquanto “possuído”. Mas sim, que Deus comunicou ao homem Sua vontade e este revela cônscio do que faz, sem nenhum estágio de transe ou êxtase. Assim cremos que os profetas, apóstolos e outros escritores da Bíblia Sagrada, inspirados por Deus, escreveram as Sagradas Escrituras.
Assim sendo, precisamos rever o uso da expressão: “inspirado por Deus”, no nosso dia a dia, visto que cremos significar uma revelação direta de Deus, infalível, inquestionável, isto é, a Palavra do próprio Deus inerrante, imutável e santa.
Se, cremos que apenas a Bíblia é inspirada por Deus, por que afirmamos que um hino ou uma pregação foi inspirado por Deus? Admitir isso é dizer que o autor do hino recebeu a letra num processo inspiratório semelhante aos escritores bíblicos? Ou que o pregador está recebendo a mensagem num mesmo processo? Se realmente cremos assim, deveríamos acrescentá-los à Escritura, pois “são inspirados”. Contudo, não o fazemos, pois sabemos que um hino ou uma pregação não foram inspirados por Deus, mas, no máximo, inspirados a partir das Escrituras. Sendo assim, o poeta ou pregador estarão sujeitos ao erro, poderão ser questionados, julgados, examinados, poderão dizer o que não está escrito na Bíblia, logo não é inspiração divina como no caso dos escritores sagrados, mas uma interpretação das Escrituras. Neste caso, somos incentivados pelo apóstolo Paulo a julgar os “profetas”, visto que não estão num processo inspiratório como os escritores bíblicos (I coríntios 14: 29). Isto também se aplica aos “profetas pentecostais” de plantão.
Infelizmente o uso da expressão “inspirado por Deus” tem dois aspectos: 1º a ignorância a respeito do seu significado; 2º a malícia de convencer os ouvintes que o próprio Deus está falando por seu intermédio, e por isso não se pode duvidar, questionar ou desobedecer. Cria-se, a partir disso, um domínio “divinal” dos ouvintes. Essa astúcia, praticada por alguns no “meio evangélico”, é uma aberração do chamado cristão para anunciar o Evangelho de Cristo ao mundo. A pregação do Evangelho consiste em levar a salvação pela graça de Deus a todos, deixando o Espírito Santo agir no coração dos ouvintes, tornando-os discípulos de Cristo e não seguidores patéticos de lobos dominadores, que deturpam a Palavra de Deus para fins escusos e egoístas. “São inimigos da cruz de Cristo: O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia; visto que só se preocupam com as coisas terrestres” (Filipenses 3: 18, 19).
Não podemos ignorar que a origem da crença que um poeta compõe a partir de uma inspiração divina remonta a antiguidade grega, ao paganismo. Cria-se que o poeta recebia sua composição poética das Musas (filhas dos deuses gregos). Logo, seus poemas eram “inspirados”. Não é por acaso que chamamos de “música”, pois música significa coisas das Musas. Contudo, sabemos que um poeta utiliza seu talento, esforço e aptidão para compor os poemas e que não há nenhuma espécie de inspiração divina nisso. No caso de um poeta cristão, esse partirá de sua interpretação da Bíblia e utilizará sua arte para glorificar seu Senhor. Os únicos poemas inspirados por Deus são aqueles que estão na bíblia, os livros de: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão.
Cremos que a Palavra de Deus já foi completada, por isso não há mais inspiração divina, temos a revelação já concluída e agora precisamos estudá-la para conhecê-la cada vez melhor para que “sejamos perfeitos e perfeitamente habilitados para toda boa obra”. (II Timóteo 3: 17).

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Indiferença

“Assim como foi nos dias de Noé, será também nos dias do Filho do homem: comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e destruiu a todos”. Lucas 17: 26, 27.



O que há de errado em comer, beber, casar-se, plantar, colher e construir? Nada. Por que, então, Jesus destaca essas atitudes dos homens, quando se refere aos dias anteriores ao dilúvio e não aos seus muitos pecados? Certamente essas coisas fazem parte da vida, viver significa isso. Mas, qual foi o real problema deles e que segundo Jesus é também o nosso principal problema? Indiferença, ela conduz ao pecado. Podemos fazer todas essas coisas, sem, contudo, deixar o Reino de Deus em segundo plano. Jesus disse: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6: 33). Mas aí que está nossa grande dificuldade, aparece que não podemos fazer as duas coisas. Certamente não podemos servir a dois senhores, vamos sempre agradar mais a um do que ao outro. Por isso Jesus nos ensina que as coisas desta vida não podem nos dominar, não podem determinar nossa maneira de viver, elas precisam estar sob nosso controle, sendo nossos servos e não nossos senhores. Alguém já disse: “devemos amar as pessoas e usar as coisas e não o oposto”.
A Palavra de Deus nos dá a receita para termos uma vida agradável a Deus, pondo-O em primeiro lugar na nossa vida. “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento”. (Filipenses 4: 8). No pensamento, onde todas as nossas ações são planejadas, precisamos deixar que Cristo reine. Isso só se tornará real, quando tudo que planejarmos, tenha como alvo a glória de Deus, o crescimento do seu Reino. Para isso precisamos fazer umas perguntas bastante pertinentes: Como isso trará benefícios para o Reino de Deus? Em que momento isso contribuirá para mais pessoas conhecerem o Evangelho? Qual crescimento espiritual isso trará a minha vida num longo prazo? Outras pessoas, fora da minha família, serão abençoadas com isso? Perguntas simples de se fazer, mas difíceis de responder. Contudo, necessárias, se queremos viver como verdadeiros discípulos de Jesus.
Noé também comeu, bebeu, casou, deu seus filhos em casamento, plantou, colheu e construiu. Mas nunca deixou de cultuar a Deus, nunca abandonou suas orações, sempre tinha um profundo reconhecimento de seus pecados e cria que mesmo assim, Deus era misericordioso para perdoar um pecador arrependido e crente. Noé viveu, mas não negligenciou sua necessidade de Deus.
Jesus disse que nos dias que antecederão sua vinda, os homens serão semelhantes àqueles nos dias de Noé. Mas você pode ser diferente e assim como Noé, ser salvo e viver para glória de Deus.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Superabundante Graça

“Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e, sim, como dívida. Mas ao que não trabalha, porém, por crer naquele que justifica ao ímpio, a sua fé é considerada como prática de justiça.” Romanos 4: 4, 5. (v.5 tradução do autor).



A Carta aos Romanos pode ser considerada um tratado sobre a salvação pela graça, visto que nela, o Apóstolo Paulo procura desenvolver esse tema do início ao fim. Seu objetivo é convencer, principalmente os cristãos judeus de Roma, que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm. 3: 23), não havendo ninguém que possa ser considerado justo por suas ações (Rm. 3: 10). Essa foi uma tarefa bastante difícil, pois os judeus, erroneamente, acreditavam que eram merecedores da salvação por serem descendentes de Abraão e terem se mantidos fies à Casa de Davi. Não é aleatória a escolha que Paulo faz desses dois vultos do Velho Testamento para provar que até mesmo eles foram salvos pela graça e não pelo mérito.
De forma convincente argumenta que Abraão foi salvo quando creu na promessa de ser pai de uma nação em terra estranha e que todas as suas ações foram evidências de sua fé, pela qual já fora salvo. Tanto a circuncisão, quanto a disposição de sacrificar Isaque, seu filho, foram posteriores a sua salvação. Pois, em Gênesis 15: 6, apresenta um Abraão justificado por sua fé. Assim também Davi, o grande rei, foi salvo pela graça de Deus, pois diante de seus pecados, adultério e homicídio, não restava outra coisa, segundo a Lei, se não a morte e conseqüentemente a perdição eterna. Mas, a graça se manifestou quando alcançou o perdão de seus pecados apesar de suas obras não merecerem tal recompensa, recebeu a salvação como um favor e por isso exclama, sem compreender, mas alegremente: “Bem-aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos; bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado” (Salmo 32: 1, 2).
Diante disso surge uma pergunta pertinente, a salvação é uma recompensa ou um favor? Se trabalharmos, o salário que receberemos não é um favor, mas uma dívida, pois receberemos o pagamento por nossos esforços. Mas quando não fazemos nada e mesmo assim recebemos algo, como chamamos isso? Presente, dádiva, favor... Logo, não há lugar para graça quando recebemos a recompensa por nossos esforços, mas quando não fazemos nada ou pior, fazemos o que merecidamente receberíamos a condenação, aí se manifesta a superabundante graça de Deus.
Essa é a mensagem do Evangelho – a boa notícia, que o homem em Cristo recebe pela fé a salvação de sua alma e que essa salvação é uma regeneração que pode ser atestada por quatro aspectos: perdão dos pecados, vida eterna, libertação do domínio do pecado e serviço voluntário ao Senhor que nos redimiu. Isso só é possível porque agora ele é uma nova criatura, regenerado por obra do Espírito Santo. Um novo homem. Glória a Deus!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O Culto é Meu

“Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome”. Hebreus 13:15.


“O culto foi bom?” Essa pergunta sempre será feita ou por um irmão que faltou ou por alguém que quer ouvir uma resposta negativa. Precisamos, antes de responder, perguntar: o culto de quem? Porque antes do culto ser da igreja, ele é meu. A soma do meu culto com o culto dos irmãos constituirá o culto da igreja. Ou será que estamos indo à igreja para entreter-nos, passar o tempo, ver “atrações”, assistir culto alheio...
Deus nos convida a cultuá-lo, por isso saímos de casa e vamos à igreja. E de que maneira poderei prestar a Deus um bom culto? Em primeiro lugar é necessário que eu já o tenha recebido em minha vida como meu Salvador – aquele que morreu pelos meus pecados, e meu Senhor – aquele que, a partir de então, tornou-se dono da minha vida. Em segundo lugar o culto pressupõe louvor, exaltação, glorificação, isto significa que eu preciso bendizer, ou seja, falar bem de Deus e das suas obras e é através dos cânticos e das orações que fazemos isso num culto. Nessa hora não importa o instrumento musical ou a voz bonita, pois é o meu culto, é a minha expressão de louvor que conta para Deus. Porque eu poderia estar em muitos outros lugares, fazendo muitas outras coisas, mas optei estar na igreja para oferecer a Deus um culto em demonstração da minha gratidão. Porque, sendo eu o maior dos pecadores, Ele me amou de tal maneira, que deu seu único filho para realizar a minha salvação.
No meu culto, na igreja, tenho também a oportunidade de ouvir a Palavra de Deus, que deverá alimentar a minha fé, a minha esperança, o meu temor. Que também me fará conhecer mais o Senhor e me tornará mais obediente a sua Palavra. A Palavra de Deus trará alegria, paz, ânimo ao meu coração e voltarei para casa radiante porque prestei um bom culto ao Senhor e Ele me alimentou o espírito.
Você vai à igreja para prestar um culto ao Senhor e ouvir Sua Palavra? Se a resposta for sim, louve ao Senhor, porque “o Senhor é misericordioso e compassivo; longânimo e bastante benigno. Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira. Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniqüidades”. (Salmo 103:8-10).

sexta-feira, 8 de maio de 2009

De Volta para Casa

“Ao entrar Jesus no barco, suplicava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele. Jesus, porém, não lho permitiu, mas ordenou-lhe: Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez, e como teve compaixão de ti”. Marcos 5: 18, 19.



Nesse mês de maio, considerado o mês da família, é necessário destacar a importância da família no Evangelho de Jesus Cristo. A família é o primeiro campo missionário, a família é o ambiente onde mostramos quem realmente somos, nela o cristão é averiguado, sua fé é provada.
No episódio citado acima, vemos um endemoninhado que vivia longe da família, seu modo de viver era insuportável para todos que lhe cercavam, ninguém conseguia relacionar-se com ele, o resultado disso foi o isolamento da família, da sociedade e além de maltratar outros, maltratava a si mesmo. Como ele chegou a esse ponto? Percebe-se que tudo foi um processo longo, que o levou a uma situação terrível. Quando encontrou a Cristo, foi liberto. Sua vida foi transformada, agora ele queria servir a Cristo, que bom! Mas, podemos observar a escala de valor evidenciada por Cristo. O homem precisa, primeiramente, acertar os relacionamentos familiares, voltar para casa e mostrar a Obra de Deus em sua vida, deixar que percebam o quanto Cristo transformou sua vida, ninguém melhor que seus familiares para atestar a conversão e a partir de então, ouvir sobre o Evangelho transformador de Cristo.
A mesma necessidade pode ser vista hoje, muitas famílias estão completamente destruídas, vivem, apenas, uma aparente harmonia. Vivem juntos, mas não são mais uma família. O Evangelho conduz o homem ao reconhecimento de seus erros, a uma atitude de humildade e amor em relação aos demais membros da família, a um interesse em ajudar e participar de cada momento. O Evangelho restaura a família.
Infelizmente há muitas famílias na igreja que não estão vivendo uma verdadeira harmonia, precisam de tratamento. Mas aí começa um dilema: Como tratar alguém que não reconhece sua necessidade? Como ajudar quem acha que não precisa de ajuda? É necessário sempre nos medirmos a partir da Palavra de Deus, não podemos servir a Deus, sem primeiro estar bem na família. Jesus continua dizendo a todos que querem servi-lo, volte-se para tua família, arrume as coisas, depois vem e sirva-me. Se não conseguimos nos entender no pequeno grupo familiar, como conseguiremos nos entender no grande grupo da família de Deus? Família forte, igreja forte. Família fraca, igreja fraca. Além do mais, não podemos ignorar que a falência social é resultante da falência familiar.
Portanto, deixe Jesus transformar sua vida e restaurar seus relacionamentos familiares, salvar sua casa, antes que seja tarde demais.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Timáo – Honrar

Timáo é a palavra grega traduzida por honrar, seu significado é muito mais abrangente do que poderia expressar a nossa palavra honrar. Conhecer o conceito de timáo é fundamental para entendermos o que Jesus quis expressar em sua Palavra. Além da idéia de elogiar, considerar, prestigiar, aplaudir; timáo vai mais longe, pois traz a idéia de presentear e até mesmo de remunerar. Todos esses conceitos estão inseridos nessa palavra. Visto que, o primeiro aspecto apresentado é ponto pacífico, tem-se necessidade de apresentar o segundo aspecto, isto é, o conceito de presentear e remunerar.
Na primeira Carta do Apóstolo Paulo a Timóteo, capítulo 5 verso 3 diz: “Honra as viúvas verdadeiramente viúvas”. Nos versos que se seguem, ele claramente apresenta a necessidade da igreja amparar àquela que está completamente abandonada, sem ninguém na família para amparar, num momento da história, na qual não havia assistência governamental aos idosos, a mulher viúva sem filhos ou parente próximo estaria sujeita a mendicância. Diante disso, a igreja deveria sustentá-la ou honrá-la. Honrar tem o sentido de prover sustento, pois deixar alguém abandonado, sem meios de sustentar-se por conta própria, seria desconsiderar seu valor para o grupo. O Mesmo sentido se apresenta no verso 17 ao afirmar a necessidade de honrar o presbítero com duplicada honra, diante de sua dedicação e esmero à pregação e ao ensino da Palavra de Deus. Honrar o presbítero que se enquadra nessas condições, significa prover-lhe sustento para que possa fazer com maior dedicação. Honrar abrange recursos financeiros e não apenas aplausos. Tal conceito era evidente quando os gregos honravam seus atletas, soldados ou outro que fizesse algo digno para a coletividade, a honra continha uma quantia financeira.
O mesmo conceito está presente quando Jesus reafirma o quinto mandamento em Mateus 15: 4: “Honra teu pai e tua mãe”, isto significa ampará-los em todos os aspectos, até mesmo financeiro, quando necessário.
Não podemos ignorar que até mesmo em nossa sociedade o valor da remuneração expressa o tamanho da honra merecida por alguém numa atividade. Por isso, numa escala hierárquica o valor aumenta à medida que se tem maior honra.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Escândalo

Marcos 14: 66-72

A palavra escândalo é de origem grega e foi transliterada para nossa língua com o sentido primário de “por uma armadilha no caminho de alguém”.
O Senhor avisou aos seus discípulos que seria colocado um escândalo no caminho deles e que eles o abandonariam. Pedro, sempre intempestivo, disse que jamais o abandonaria e, então, ouve a advertência que ele não apenas abandonaria, mas também o negaria.
O amor do Senhor Jesus é manifestado quando ele coloca um memorial diante de Pedro, o canto do galo. Esse memorial serviria de referência a Pedro que Jesus o amava e estaria disposto a recebê-lo de volta (Lc. 22:32). De fato, tudo aconteceu como Jesus previra e Pedro experimentou a sensação da provação. Naquele momento, Pedro, diante da ameaça de morte, não viu outra saída a não ser não se identificar com Cristo e nega-o por três vezes e por fim o abandona.
Será que nunca estivemos numa situação parecida? Será que nunca fomos tentados a negar o Senhor Jesus e sua Palavra? Certamente que sim, pois uma característica fundamental da vida cristã é a provação, porque através dela “o valor da nossa fé, uma vez confirmado, muito mais precioso do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” 1º Pe.1:7. Ninguém melhor que Pedro para dar este conselho aos crentes da Dispersão.
As grandes lições, que podemos extrair dessa passagem, são:
a) Não somos tão forte como, às vezes, achamos (Mt. 26:35);
b) “Aquele que quer viver piedosamente em Cristo Jesus será perseguido” 2º Tm. 3:12;
c) Precisamos conhecer as nossas limitações (Mt. 26: 33);
d) Deus é misericordioso e está sempre disposto a usar o arrependido (Jo. 21:15-17);
e) Acredite nas advertências de Deus (Mc. 14: 27);
f) Satanás sempre procurará derrubar aqueles que estão servindo (Lc. 22: 31);
g) O caminho da queda começa com pequenos passos:
• Orgulho (Lc. 22:33);
• Negligência na oração (Lc. 22:45);
• Distância de Cristo (Lc. 22: 54);
• Comunhão com os incrédulos (Lc. 22:55);
• Não identificação com Cristo (Lc. 22:57);
• Não identificação com os crentes (Lc. 22: 58);
• Por fim, a queda (Lc. 22: 60).
O caminho da restauração começa com um profundo sentimento de arrependimento, “... Coração compungido e contrito não o desprezarás, ó Deus” (Salmo 51: 17).

sábado, 11 de abril de 2009

A Fidelidade de Deus

“Se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo” II Timóteo 2:13.

“Deus é fiel” é a frase que sempre podemos ler nos automóveis ou ouvir da boca de muitos crentes, mas uma pergunta se faz necessária: a quem Deus é fiel? Não podemos tentar responder essa pergunta com o nosso “achismo”, precisamos buscar na Palavra de Deus, isto é, na Bíblia Sagrada, a resposta correta.
A fidelidade de Deus não está relacionada diretamente com a nossa, visto que “se somos infiéis, Ele permanece fiel”. O homem não tem a menor condição de exigir que Deus seja fiel a ele, pois o homem não é fiel a Deus. Sendo assim, como teremos paz e segurança na salvação? A resposta é simples, visto que não somos salvos por nossas obras ou méritos, somos salvos pela graça de Deus por meio da fé no sacrifício expiador de Jesus Cristo, nosso Senhor. A paz e a segurança da salvação se dá justamente pelo fato de Deus ser fiel a si mesmo, pois aquilo que Ele prometeu cumprirá, pois disse: “passarão os céus e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar”.
As promessas do Senhor são claras e podemos confiar, algumas sobrepujam qualquer possibilidade de dúvida, como por exemplo: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim, não morrerá, eternamente. Crês isto?” E muitas outras semelhantes a essa.
Portanto, tenhamos cuidado quando usarmos a frase “Deus é fiel”, estejamos cientes que estaremos nos referindo a Sua Palavra e não a nossa ou aquilo que esperamos que seja, para nosso prazer. Lembre-se, Deus não tem obrigação de ser fiel àquilo que Ele não disse. Portanto não diga que Deus será fiel sem mencionar aquilo que Ele disse, Suas promessas são verdadeiras e nunca falharão. Sejamos mensageiros delas e não criadores de promessas.

quarta-feira, 25 de março de 2009

STÉPHANOS – COROA

“Todo atleta em tudo se domina; aqueles para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível”. 1º Coríntios 9: 25.



Stéfanos é a palavra grega traduzida por coroa, sua referência no N.T. está relacionada à coroa conquistada por um atleta ou por um general, os quais após realizarem suas conquistas, recebiam como prêmio de seus feitos. É importante ressaltar que, muitas vezes, inúmeros leitores do N.T. são tentados a relacionarem a coroa citada como sendo aquele símbolo real de poder, a qual nós conhecemos como coroa de rei. Contudo, a coroa como símbolo de poder real surge no ocidente por volta do século III de nossa era com o Imperador Constantino, naquele momento era apenas uma tiara, que ao passar dos anos vai sendo transformada no modelo de coroa real que conhecemos hoje. Isso significa que na cultura grega do século I (a.D.) não havia coroa real, apenas coroa atlética ou militar. Logo, toda menção à palavra coroa no N.T. está relacionada ao atletismo ou militarismo.
O que isso nos ensina? Primeiro, nos ensina que a coroa no N.T. não está relacionada à salvação, pois a coroa era concedida por um feito realizado, era o pagamento por esforço que levou à conquista de algo. A salvação, por sua vez, é um presente de Deus, é concedida pela fé gratuitamente, “não vem pelas obras para que ninguém se glorie” (Rm. 3:24; 6: 23; Ef. 2: 8, 9). Segundo, nos ensina que além do presente da salvação concedido ao que crê pela fé, o crente terá uma recompensa pela sua conduta ou obra realizada na sua vida cristã, como disse o Ap. Paulo aos Coríntios na segunda carta “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (5: 10). E mais “Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento (Cristo) edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo”. (1º Co. 3: 14, 15). E em terceiro, não existem as tão famosas “pedrinhas na coroa”, as quais muitos esperam receber por cada obra realizada e esperam ter uma coroa cheia de pedras preciosas. Tal coroa não existia no século I (a.D.).
O N.T. cita cinco tipos de coroas relacionadas a cinco atividades cristãs, as quais serão recebidas por crentes que fielmente as praticarem: 1º Coroa incorruptível – dada ao crente que até ao fim manter-se qualificado para a pregação do Evangelho de Cristo (1º Co. 9: 24-27); 2º Coroa da justiça – dada ao crente que amar (desejar, ansiar, valorizar) a vinda do nosso Senhor Jesus Cristo (2º Tm. 4: 6-8); 3º Coroa da vida – dada ao crente que “suportar com perseverança a provação” (Tg. 1: 12); 4º Coroa da glória – dada ao presbítero que pastorear espontaneamente, de boa vontade, sendo modelo (1º Pe. 5: 1-4); 5º Coroa da alegria – dada ao crente que ganha almas (1º Ts. 2: 19, 20).
As coroas podem ser pedidas, “Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap. 3: 11). A salvação não pode ser perdida, pois não foi conquistada por nós e sim, recebida como presente. Já os galardões, se não nos mantermos fiéis, poderemos perdê-los.
Em Apocalipse 4: 10, João nos fala que os vinte e quatro anciãos depositarão suas coroas diante do trono como louvor e adoração àquele que é digno de receber toda honra, glória e louvor. Todas as nossas obras na vida cristã são realizadas para louvor e glória de Cristo, autor e consumador de nossa salvação. Nada que fizermos redundará em glória para nós mesmo, como alguns poderiam pensar que no céu desfilariam com suas “magníficas coroas”, sendo exaltados por suas vidas honrosas aqui na terra. Não, “tudo que fizermos, seja por palavras ou obras, façamos em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”. (Cl. 3: 17). “O que daremos ao Senhor por tudo aquilo que tem feito por nós?” (Salmo 116: 12). Nada poderemos fazer para pagar nossa salvação, mas as nossas obras devem ser feitas por voluntariedade, gratidão e louvor. Ofereçamos a Cristo o nosso culto racional (Rm 12: 1, 2).

quinta-feira, 19 de março de 2009

Eirene – Paz

“Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derrubado a parede da separação que estava no meio, a inimizade”. Efésios 2: 14.


Eirene é a palavra grega traduzida por paz, seu significado no Novo Testamento é bastante específico, nela está inserido o conceito de reconciliação entre partes que estão em conflito, esse sentido sempre vai aparecer no Novo Testamento.
A partir daí, estará sempre implícito a doutrina da salvação, a qual estabelece a separação entre Deus e o homem por causa do pecado, isto é, o homem está em conflito com Deus. Esse conflito só é apaziguado quando o pecado, que é a razão da ofensa, for perdoado. Por isso o Ap. Paulo afirma em Romanos 8: 1 que “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”. A paz só vem com a justificação dos pecados, sem ela o homem permanecerá separado de Deus eternamente. Em Efésios 2 o conceito está implícito ao mencionar paz entre o homem e Deus e entre judeus e gentios.
O homem em toda a sua história precisava de paz com seu criador, no início, no Jardim do Édem, o homem entrou em conflito com Deus. A partir daí estava separado de Deus e precisava de uma reconciliação. O próprio Deus estabeleceu a forma pela qual o homem alcançaria reconciliação, já no início mostrou ao primeiro casal que o pecado é sério e seu perdão custa preço de sangue (Gênesis 3: 21). E que chegaria o dia em que o preço seria pago perfeitamente (Gênesis 3: 15), mas enquanto esse dia não chegasse, o homem deveria mostrar sua fé nele através da simbologia do sacrifício perfeito de Jesus Cristo, seu filho. Mesmo com essa condição estabelecida, o homem sempre procurou um caminho próprio e independente, buscando a paz através de seus próprios raciocínios. Caim é um exemplo disso, sabendo o meio pelo qual alcançaria paz com Deus, decidiu estabelecer seu “caminho para paz”, foi recusado por Deus. A rebelião contra Deus, que já estava no seu coração, o levou ao homicídio de seu irmão (Gênesis 4: 3-8). “Um abismo puxa outro abismo...” (Salmo 42: 7).
Quando Cristo diz: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14: 27). A paz pressupõe conflito, a paz sempre será antecedida pelo conflito, quando assumimos a necessidade de paz, assumimos que estamos em conflito. O homem, no seu interior, sempre soube que reconciliação entre si começa com reconciliação espiritual com Deus. Mas sempre procurou ignorar isso e busca uma paz social sem enfrentar e reconhecer seu conflito com Deus. O mundo busca e oferece paz, mas é ineficaz. Por isso Jesus disse que sua paz é oferecida de modo diferente da do mundo, por que a paz de Cristo está fundada nele mesmo, pois disse: “Estas coisas tenho dito para que tenhais paz em mim” (João 16: 33). Isto é, paz verdadeira só através de Jesus, pois nele somos reconciliados com Deus por meio da cruz como disse o profeta Isaías 53: 5 “Mas Ele foi traspassado pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”. E mais através do Ap. Pedro em Atos 10: 36 “Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos”. E de forma conclusiva através do Ap. Paulo em Colossenses 1:20 “E que, havendo feito a paz pelo sangue da cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus”.
Assim sendo, é inquestionável o sentido de reconciliação na mensagem do evangelho da paz, e não cabe nenhum outro conceito moderno no uso da palavra paz no N.T.

segunda-feira, 9 de março de 2009

O sofrimento dos hebreus revolta Moisés

Êx. 2: 11-15; At. 7: 22, 23



Moisés é em muitos aspectos uma pré-figura de Cristo, sua vida consiste em profetizar a maior e mais importante libertação oferecida à humanidade na pessoa de Cristo, “um profeta semelhante a mim: a ele ouvirás” (Dt. 18: 15) segundo suas palavras.
Observemos os paralelos entre Moisés e Cristo:
Ambos preservados na infância (Êx. 2: 2-10; Mt. 2: 14,15); ambos contenderam com mestres maus (Êx. 7: 11; Mt. 4:1); ambos jejuaram por 40 dias (Êx. 34: 28; Mt. 4: 2); ambos controlaram o mar (Êx. 14: 21; Mt. 8: 26); ambos alimentaram multidões (Êx. 16: 15; Mt. 14: 20, 21); ambos tiveram rostos brilhantes ( Êx. 34:35; Mt. 17: 2); ambos suportaram murmurações (Êx. 15: 24; Mc. 7:2); ambos foram desacreditados no próprio lar (Nm. 12: 1; Jo. 7: 5); ambos oraram em intercessão (Êx. 32: 32; Jo. 17 : 9); ambos falaram como oráculos (Dt. 18: 18); ambos tiveram 70 ajudantes (Nm. 11: 16, 17; Lc. 10: 1); ambos estabeleceram uma ceia comemorativa (Êx. 12: 14; Lc. 22: 19); ambos apareceram após a morte (Mt. 17: 3; At. 1: 3).
Diante de tanta semelhança encontramos aquela que hoje meditaremos: o sofrimento dos hebreus revolta Moisés. Moisés, apesar de viver desde sua infância sob o sistema e cultura egípcia, ser educado em suas tradições, mantinha em seu coração um sentimento de identificação com o seu povo. Chegou o momento de fazer alguma coisa por ele, de ajudá-lo nas suas dificuldades e aflições. Moisés se apresenta, sem saber ainda como ajudar seu povo, sem conhecer os planos e propósitos de Deus, procura resolver o problema na força de sua carne, sem orientação divina, age segundo o mundo e não segundo Deus. Essa circunstância o leva para o lugar que Deus deseja prepará-lo para seu grande serviço. Isso nos traz um grande ensino, não conseguiremos realizar a obra de Deus sem preparação, a preparação do obreiro deve acontecer em duas frentes: 1º a preparação espiritual que vem de Deus através dos dons que ele concede e também do amor, fidelidade, obediência evidenciadas no dia-a-dia na vida da igreja; 2º a preparação no estudo da Palavra de Deus, aplicação à leitura (1º Tm. 4: 13), estudar. Quantos querem pregar, ensinar, mas não querem aprender. É preciso conhecer muito bem as Escrituras e tudo aquilo que a envolve para, então, ensinar corretamente e com toda fidelidade, sem acrescentar ou diminuir nada. Cada igreja, na orientação de sua liderança, deve estar atenta para aqueles que o Senhor tem chamado para a obra e orientá-los, conduzi-los ao conhecimento necessário das Escrituras para serem obreiros aprovados.
Moisés foge do Egito com medo de morrer nas mãos de Faraó e cai nas mãos de Deus, lá no deserto é preparado pelo Senhor para libertar o seu povo. Quanta frustração Moisés não sentira no momento em que queria fazer alguma coisa para Deus, para seu povo, mas o povo o rejeita. Quantos irmãos também querendo servir ao Senhor de todo o coração, são rejeitados pelos homens, mas não devem desanimar, no tempo propício Deus manifestará sua vontade, até a rejeição faz parte da preparação.
O pior que poderia acontecer com Moisés e também com os crentes hoje é a indiferença em relação ao sofrimento da humanidade nas mãos de Satanás e do pecado. Revolta implica, não apenas em tristeza por algo, mas principalmente em fazer alguma coisa para mudar a situação. O crente, à semelhança de Moisés, deve revoltar-se contra o pecado, contra satanás e contra o sistema pecaminoso que domina nossa sociedade. Não existe outra forma de revoltarmos contra o mundo, se não pela pregação da Palavra de Deus. Levar o evangelho a outros é o dever da igreja, precisamos acordar, sair da inércia. Fazer algo concreto, investir os recursos da igreja na Obra de evangelização e não apenas em templos maravilhosos que deixaremos para o anti-Cristo. É hora de perguntarmos: como a minha igreja está se posicionando, com os recursos que Deus tem nos dado, na evangelização do mundo. Evangelizar é revoltar-se contra o pecado.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

REDENÇÃO

“Em cristo temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça”. Efésios 1: 7.


Apolýtrosin é a palavra grega traduzida por redenção, seu significado vai além da esfera religiosa, apesar de que na cultura helênica na antiguidade, não havia uma separação da vida religiosa com a vida secular como nos nossos dias. A religião estava bastante intrínseca no dia a dia em todas as atividades. Sendo assim, ao analisarmos essa palavra não podemos ignorar isso. Assim, seu uso se estendia às relações comerciais e sociais naquela cultura e por isso tinha o significado de compra de um escravo e/ou entrega de alguém ou alguma coisa por meio de resgate. A partir disso, podemos concluir que apolýtrosin tem em si mesma o conceito do Evangelho de Jesus Cristo, pois nos transmite a idéia de uma salvação efetuada por meio de uma compra ou resgate e também apresenta a condição do homem que precisa de salvação.
Quando o Apóstolo Paulo utiliza essa palavra na carta aos efésios, ele está ciente de que os efésios compreendiam perfeitamente seu conceito, por isso apenas tal palavra é capaz de transmitir a mensagem do Evangelho. Visto que com isso estava dizendo que os efésios eram escravos, pertenciam a outro senhor, estavam condenados à morte, não tinham esperança e como cativos faziam a vontade de seu senhor (Satanás e o pecado). Mas agora em Cristo foram resgatados. Imaginem um escravo no mercado sendo oferecido como mercadoria e sabendo que se não fosse comprado seria sacrificado, pois jamais um senhor de escravo manteria um se percebesse que jamais seria comprado. Um escravo era comprado se apresentasse três características básicas ou uma delas pelo menos: habilidade profissional, força e saúde. “Em Cristo temos a redenção” significa dizer que Ele nos comprou, sendo nós escravos. Mas essa palavra ia além, apolýtrosin significava comprar um escravo e lhe dar a liberdade, ou seja, deixaria de ser algo e passaria a ser alguém, ganharia o status de pessoa com direitos civis, passaria a ser visto como alma e não mais como um objeto ou animal. Sendo agora livre, não estaria mais sujeito a escravidão, nem sujeito como escravo ao novo senhor, mas poderia ir e vir pra onde quisesse. Todavia, agora liberto por um tão grande preço, sem nenhum merecimento, o ex-escravo se oferecia voluntariamente para servir seu novo senhor, não mais por força da escravidão, mas pela força da gratidão, suplicava para ir para casa do redentor e ali servi-lo voluntariamente pelo resto de sua vida, pois fora salvo da morte.
Será que quando alguém aceita Cristo está ciente dessa condição? Entende que ser redimido por Cristo, não apenas significa ter a salvação pelo perdão dos pecados, mas também significa ter um novo senhor, a quem serviremos por amor, gratidão e voluntariedade? E que quando chegamos a sua casa, além de tudo que já fez, nos adota como filhos e como tal podemos sentar a sua mesa e participar da herança? Por tudo isso o apóstolo acrescenta “por sua riqueza em graça”.
Ainda resta uma questão: como alguém se tornava escravo? Duas eram as razões: 1º por uma dívida não paga, poderia ser vendido como escravo para pagamento; 2º pela derrota numa guerra, os sobreviventes si tornavam escravos do vencedor. Como o homem se tornou escravo de Satanás e do pecado? Precisamos reportar-nos ao Jardim do Édem, lá o homem perdeu a luta contra Satanás, poderia ter vencido, tinha condições para isso, mas perdeu e a partir daí se tornou escravo do vencedor. Contudo, fora dito que da mulher sairia um que venceria Satanás e com isso resgataria o homem através do preço de seu sangue. Glória a Deus!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Sansão

Juízes 13.1-5, 24-25; 15.6-20; 16.4-5, 16-31


Não podemos estudar a história de Sansão sem considerar os aspectos familiares em que estava inserido. É evidente que seus pais eram piedosos e tementes a Deus, em suas súplicas pediram a Deus um filho, mesmo sabendo da esterilidade, confiaram na palavra do anjo e mostraram-se preocupados com a educação de seu filho e com seu futuro ministério no meio do povo de Deus (Jz. 13: 12). Percebemos o desejo de Manoá e sua esposa de obedecerem em tudo à vontade do Senhor. Durante o tempo em que Sansão esteve sob sua tutela, educaram-no como narizeu, ensinando todo o modo de viver de um narizeu (Nm. 6: 1-21). Contudo, após sua maior idade, seria responsável por sua conduta diante de Deus. Certamente seus pais tinham a consciência tranqüila, pois são evidentes, no comportamento de Sansão, os indícios de uma educação piedosa. Sansão foi consagrado ao Senhor pelos seus pais, mas precisava viver essa consagração e buscar orientação do Senhor para libertar os israelitas, que sofriam por 40 anos a opressão dos filisteus.
Quando Sansão chega ao momento de tomar o seu rumo, começa a mostrar um comportamento de independência de Deus, seu primeiro passo é casar-se com uma filistia, disse ele “... vi uma mulher em Timna...” (14: 2), tais palavras revelam seu caráter – o seu desejo foi despertado e não considerou a vontade do Senhor. Depois oferece um banquete e toca num cadáver, todas essas atitudes contrariavam a Lei do Senhor e em alguns casos, como beber num banquete contrariava a Lei do Narizeu. É evidente que Deus desejava libertar os israelitas do poder e influência dos filisteus e queria usar Sansão nesse propósito, por isso lhe concede o Espírito Santo (13: 25), privilégio raro no Velho Testamento. Contudo, Sansão queria fazer as coisas do seu jeito. Deus deseja orientar seus servos a fazerem Sua vontade, mas sempre respeitará a decisão final do homem. O homem jamais será um robô na mão de Deus, Ele quer servos que se submetam voluntariamente a Sua vontade, crendo que Deus sempre o conduzirá pelo melhor caminho, por isso Sansão sofre as conseqüências de viver sem a direção do Senhor. Suas lutas pareciam ser motivadas pela vingança pessoal e não pelo interesse do povo de Deus. Mesmo vivendo uma vida desastrosa Sansão cumpre os propósitos de Deus de libertar seu povo (Isaías 14: 27). Outra atitude desastrosa de Sansão foi tentar resolver tudo sozinho, mesmo tendo uma força descomunal e a presença do Espírito Santo dentro dele, Sansão deveria entender que a obra de Deus não pode ser feita sozinho. Ele poderia ter reunido o povo, constituído um exército e conduzido o povo à luta, mas não o fez. Isso nos traz uma grande lição, quantos servos do Senhor também não estão tentando realizar a obra do Senhor sozinhos? Pensam que só eles são fortes, sábios, santos e zelosos e não permitem que outros irmãos façam a obra do Senhor. Cuidado! Aprendamos com os erros de Sansão! O seu isolamento do povo de Deus e a sua união com o mundo o levaram à queda e a ruína, lembremos da advertência que Tiago nos faz: Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus (4: 4). Sansão afastou-se de Deus e si tornou prisioneiro dos filisteus, perdeu a força e a alegria do Senhor, ficou cego. Mas mesmo em tantas ruínas, lembrou-se do Senhor de toda misericórdia, clamou ao Senhor (16: 28) e o Senhor o ouviu e atendeu sua súplica, na sua morte serviu ao Senhor. Deus o perdoou, o usou, mas não o livrou da morte que era uma conseqüência direta da sua desobediência.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Davi e a arca

1º Samuel 4: 11; 2º Samuel 6: 1-4; 1º Crônicas 13: 9-14; 15: 1-16, 25-29; 16: 13



O papel da arca do concerto no culto israelita do Velho Testamento é fundamental, sem ela o culto não poderia ser realizado, pois representava a presença de Deus no meio do seu povo. Ela era parte integrante do culto e havia várias leis estabelecidas por Deus a seu respeito. Isso nos ensina que o culto deve seguir as diretrizes estabelecidas por Deus, não é o homem, apesar de sua boa vontade, quem deve estabelecer as normas do culto. Vemos claramente nesse episódio a boa vontade de Davi e de Uzá, contudo a Palavra de Deus precisa ser obedecida no culto que a Ele prestamos. Deus havia estabelecido na sua Palavra que o transporte da arca do concerto deveria ser feito pelos levitas através de hastes nas argolas da arca (Êx. 25: 14), deveria ser coberta (Num. 4: 5, 6) e somente os sacerdotes poderiam tocá-la (Js. 6: 6). Nenhuma dessas regras foi observada por Davi e Deus mostrou que o temor a Ele é o princípio da sabedoria, sem o temor e a reverência o culto não será aceito por Deus. Essa passagem deve nos levar a refletir sobre o culto que estamos prestando a Deus, alguns pontos devem ser considerados: 1º. Davi desejava oferecer um culto completo a Deus, a arca do concerto estava longe de Jerusalém, por isso preparou uma grande festa para trazê-la, contudo esqueceu de consultar a forma correta, segundo a Palavra de Deus, de prestar o culto. Deus sempre deve ocupar o primeiro lugar no culto, Ele deve ser o centro, sua vontade deve ser buscada e obedecida. Será que hoje estamos buscando a vontade do Senhor na realização do culto que a Ele prestamos? Quem deve ser satisfeito? Às vezes, queremos que o culto nos agrade ao invés de agradar a Deus. Davi e todo Israel estavam alegres pela volta da arca do concerto, a alegria é essencial ao culto, mas ela não deve ofuscar nossos olhos a ponto de ignorarmos a vontade do Senhor, se assim fizermos a alegria não será permanente. A alegria do cristão não está restrita apenas ao culto, ela deve ser uma constante na vida. 2º. Deus nos constrange a cultuá-lo, o crente tem sede do Deus vivo, jamais conseguirá ficar muito tempo longe do culto. Davi, pela sua tristeza com a morte de Uzá, abandona o culto, não mostra mais interesse na restauração do culto completo. Contudo, Deus o constrange, a bênção de Deus é derramada sobre Obede-Edom durante os três meses em que a arca do concerto esteve em sua casa. Quantas bênçãos Davi e todo Israel estavam deixando de usufruir! Deus continua hoje abençoando aqueles que o cultuam, e muitos que deixam de congregar-se para o culto estão deixando de receber as bênçãos do Senhor. Davi recebe o aviso de que Deus valoriza o culto, suas bênçãos à casa de Obede-Edom mostram seu interesse em ser cultuado. Davi aprendeu a lição, mais do que saber que Deus busca àqueles que querem cultuá-lo em verdade, Deus quer ser obedecido. A Saul, disse: “Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar”, isto é, prestar culto (1º Samuel 15: 22). Tendo conhecido um pouco mais o Senhor, Davi agora realiza a volta da arca do concerto segundo a vontade de Deus estabelecida na sua Palavra. Convida os sacerdotes para transportá-la e realiza os sacrifícios de purificação. O culto está perfeito. 3º. O inimigo sempre procurará usar pessoas para atrapalharem nosso culto, para tirarem nossa concentração, para nos ocupar com tantas coisas, as quais são tão insignificantes que podemos perder o essencial que é um coração contrito e humilde. Mical, esposa de Davi, cumpriu esse papel. Criticou Davi pela roupa que vestia, criticou-o pela manifestação de alegria espontânea e criticou pelo seu excesso de humildade diante de seus servos. Com Mical aprendemos que Deus não está indiferente àqueles que atrapalham o culto dos seus servos, ela recebeu a sua recompensa (2º Samuel 6: 23). Com Davi aprendemos que errar faz parte de nosso aprendizado, mas o erro deve nos conduzir às coisas certas, devemos ter humildade para voltarmos e recomeçarmos da forma correta, também aprendemos que a humildade mostrará a sinceridade do culto, enquanto que a soberba revelará um formalismo sem vida.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Pedagogo

“De maneira que a lei nos serviu de pedagogo para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao pedagogo”. Gálatas 3: 24, 25.



Paidagogos aparece duas vezes no N.T., na carta aos Gálatas e na 1º aos Coríntios. Aos Coríntios, Paulo diz: Porque ainda que tivésseis milhares de pedagogos em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu pelo evangelho vos gerei em Cristo Jesus (4:15). O que era um pedagogo? Um escravo, muitas vezes velho e sem condições de realizar nenhum outro trabalho, que conduzia o menino à escola dos 7 aos 18 anos e que deveria estar sempre ao seu lado ensinando e fiscalizando as boas maneiras segundo os valores culturais dos gregos.
Nas duas passagens fica evidente o sentido de inferioridade e transitoriedade do pedagogo. Aos Coríntios Paulo fala da importância fundamental do pai como gerador e educador, o qual tem a preeminência na formação educacional do filho e a última palavra sobre qualquer assunto. Jamais se admitiria que um escravo pudesse conduzir a criança para um caminho no qual o pai não estivesse inteiramente de acordo. Jamais milhares de pedagogos poderiam sobrepujar o pai. Paulo era o pai deles, eles deveriam imitá-lo e não aos muitos “escravos” que surgiam entre eles. O pedagogo não era um professor, era apenas um auxiliar. Assim é evidente que o pedagogo é inferior ao pai.
Aos Gálatas, Paulo enfatiza o fato de que o pedagogo tinha seu ofício limitado pelo tempo, sua função era conduzir a criança por um tempo específico, no qual teria ampla autoridade até ao tempo estipulado. Seu objetivo era cooperar na formação da criança, fiscalizando sua conduta à medida que crescia. Contribuir para que tivesse plena consciência dos deveres de um cidadão de bem. É evidente sua transitoriedade.
As muitas traduções que existem não são capazes de nos fazer compreender o verdadeiro sentido de pedagogo, nelas os sentidos de inferioridade e transitoriedade não ficam evidentes. Com isso fica nos vedado o pleno sentido daquilo que Paulo queria nos dizer. A lei teve seu papel num período de tempo específico, mas agora em Cristo veio a plenitude do tempo onde podemos pela fé alcançar o pleno conhecimento de sua Obra pré-determinada antes de todas as coisas. Agora não precisamos mais de um pedagogo, temos o Espírito de Cristo, que pelo novo nascimento, nos concede a mente de Cristo. A partir de então é inscrito no nosso coração a lei de Cristo revelada no Evangelho, a qual obedecemos por opção e prazer, não mais imposta por um pedagogo, mas aceita por uma mente esclarecida e amadurecida, capaz de perceber aquilo que é agradável a Deus.
O pedagogo da nossa cultura não tem a mesma função do pedagogo da cultura helênica nos dias de Paulo, diante disso percebemos que não há uma palavra exata pra traduzi-la e não podemos transliterá-la. Que Deus nos leve a encarar o texto sagrado com mais seriedade, temor e cuidado para não sermos achados em falta, omitindo ou deturpando o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Que Deus nos ajude!