terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Pedagogo

“De maneira que a lei nos serviu de pedagogo para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao pedagogo”. Gálatas 3: 24, 25.



Paidagogos aparece duas vezes no N.T., na carta aos Gálatas e na 1º aos Coríntios. Aos Coríntios, Paulo diz: Porque ainda que tivésseis milhares de pedagogos em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu pelo evangelho vos gerei em Cristo Jesus (4:15). O que era um pedagogo? Um escravo, muitas vezes velho e sem condições de realizar nenhum outro trabalho, que conduzia o menino à escola dos 7 aos 18 anos e que deveria estar sempre ao seu lado ensinando e fiscalizando as boas maneiras segundo os valores culturais dos gregos.
Nas duas passagens fica evidente o sentido de inferioridade e transitoriedade do pedagogo. Aos Coríntios Paulo fala da importância fundamental do pai como gerador e educador, o qual tem a preeminência na formação educacional do filho e a última palavra sobre qualquer assunto. Jamais se admitiria que um escravo pudesse conduzir a criança para um caminho no qual o pai não estivesse inteiramente de acordo. Jamais milhares de pedagogos poderiam sobrepujar o pai. Paulo era o pai deles, eles deveriam imitá-lo e não aos muitos “escravos” que surgiam entre eles. O pedagogo não era um professor, era apenas um auxiliar. Assim é evidente que o pedagogo é inferior ao pai.
Aos Gálatas, Paulo enfatiza o fato de que o pedagogo tinha seu ofício limitado pelo tempo, sua função era conduzir a criança por um tempo específico, no qual teria ampla autoridade até ao tempo estipulado. Seu objetivo era cooperar na formação da criança, fiscalizando sua conduta à medida que crescia. Contribuir para que tivesse plena consciência dos deveres de um cidadão de bem. É evidente sua transitoriedade.
As muitas traduções que existem não são capazes de nos fazer compreender o verdadeiro sentido de pedagogo, nelas os sentidos de inferioridade e transitoriedade não ficam evidentes. Com isso fica nos vedado o pleno sentido daquilo que Paulo queria nos dizer. A lei teve seu papel num período de tempo específico, mas agora em Cristo veio a plenitude do tempo onde podemos pela fé alcançar o pleno conhecimento de sua Obra pré-determinada antes de todas as coisas. Agora não precisamos mais de um pedagogo, temos o Espírito de Cristo, que pelo novo nascimento, nos concede a mente de Cristo. A partir de então é inscrito no nosso coração a lei de Cristo revelada no Evangelho, a qual obedecemos por opção e prazer, não mais imposta por um pedagogo, mas aceita por uma mente esclarecida e amadurecida, capaz de perceber aquilo que é agradável a Deus.
O pedagogo da nossa cultura não tem a mesma função do pedagogo da cultura helênica nos dias de Paulo, diante disso percebemos que não há uma palavra exata pra traduzi-la e não podemos transliterá-la. Que Deus nos leve a encarar o texto sagrado com mais seriedade, temor e cuidado para não sermos achados em falta, omitindo ou deturpando o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Que Deus nos ajude!

Nenhum comentário: