terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Davi Perseguido

1º Samuel 18: 7-9, 17; 19: 10-12; 23: 14-17; 24: 1-12; 26: 1-25


Por que Saul e Jônatas reagiram de forma diferente ao salvamento realizado por Davi na vitória sobre Golias? A resposta a essa pergunta é a mesma que poderíamos dar hoje quando vivemos uma situação semelhante, seja no lugar de Davi, seja no lugar de Saul. Afastamento de Deus é a razão. A vida de Saul estava completamente fora dos propósitos do Senhor, seu objetivo não era fazer a vontade de Deus, mas a sua própria. O reino de Deus era o seu próprio reino, seu coração estava longe do Senhor.
Uma das grandes lições que podemos aprender nessa passagem está no fato de que mesmo realizando a Obra de Deus segundo sua vontade, não estaremos livres das investidas daqueles que deveriam também buscar o interesse do Senhor na sua Obra. Saul representa muitos que estão na liderança do povo de Deus, mas não querem fazer a vontade de Deus. Já estabeleceram seu próprio método baseado em suas idéias e não estão dispostos a aceitar outro que deseje fazer a Obra do Senhor, pois o vê como uma ameaça a seu “reino”, a seu “domínio”. Precisamos entender que a Obra do Senhor pertence ao Senhor, nós somos apenas servos e conservo de tantos outros que também amam o Reino de Deus e querem servi-lo também com todo o coração. Quantos servos do Senhor testificam que suas maiores dificuldades estão no relacionamento com outros servos no serviço do Senhor. Poderíamos dizer sem medo de errar que Saul constituiu-se como o maior inimigo de Davi, maior até mesmo que os filisteus. Seria diferente hoje? Não. Diante disso, vemos em Davi a postura correta do homem de Deus, daquele que ama o Senhor e deseja fazer tudo segundo a vontade de Deus.
1º. Mesmo tendo um inimigo do mesmo lado, Davi não perdeu o foco de sua batalha, não deixou de enfrentar os inimigos do povo de Deus para se concentrar em Saul. Davi entendia o propósito para o qual Deus o levantou no meio de seu povo. Meus irmãos, não podemos esquecer o propósito de nossa chamada: “anunciar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. Quantos irmãos estão gastando suas energias e saúde numa luta entre si, quando na realidade deveriam ocupar-se com a conquista de almas para o Reino de Deus. Davi nos lembra as palavras de Paulo em Efésios 6: 12, “porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e, sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes”. Os espirituais serão reconhecidos pelas atitudes semelhantes e entregarão os seus “inimigos” na mão do Senhor, que no devido tempo tratará deles, assim como tratou de Saul.
2º. Mesmo tendo Davi a “justificação” de seus companheiros para destruir Saul, o qual não pensaria duas vezes se tivesse a mesma oportunidade. Davi entendia que Deus era soberano sobre todas as coisas. A doutrina da soberania de Deus deveria nos moldar o comportamento e não apenas servir para justificar nossas omissões. Davi tem o seu comportamento moldado por ela e diz: “Tão certo como vive o Senhor, este o ferirá, ou o seu dia chegará a que morra, ou em que descendo à batalha seja morto. O Senhor me guarde, de que eu estenda a mão contra o seu ungido” (26:10,11). É bom lembrarmos que hoje, no tempo da graça e da igreja, todos os crentes são ungidos pelo Senhor e não apenas um suposto clero. Deus fez de Saul rei de Israel e somente Deus teria o direito de afastá-lo. Davi pacientemente esperou Deus agir e confirmar sua unção como rei de Israel. Enquanto isso realizava a obra do Senhor à medida que vinha a suas mãos, que exemplo temos para seguir!
Em Romanos 12: 9-21 vemos as características do homem espiritual, o qual Davi se assemelha. Durante todo o relacionamento de Davi com Saul vemos essas ações estampadas em Davi, quantas vezes pôs brasas vivas sobre a cabeça de Saul e no final venceu o mal com o bem. Que na igreja de Cristo sobressaiam homens como esse!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O Natal de Jesus

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. Isaías 9: 6.


Isaías, o profeta que viveu no século VIII a.C., foi um dos que mais profetizou acerca do Messias prometido. Sua descrição do nascimento e morte de Cristo é minuciosa. E para que não se diga que seu livro foi escrito posteriormente a Cristo, descobriram-se os Manuscritos do Mar Morto que atestam que tais palavras foram escritas num período anterior a Cristo. Nesse versículo em destaque, podemos aprender muitas coisas a respeito de Cristo: 1º Maravilhoso vai apontar para sua grandeza, Ele seria o maior homem que já viveu em todos os aspectos, em santidade, poder, virtude, amor; 2º Conselheiro vai apontar para sua sabedoria, seus ensinos são vida, caminho de salvação para que o seguir; 3º Deus Forte, fala da sua divindade, seu poder sobre todas as coisas. Capaz de criar e transformar qualquer coisa pela palavra de sua boca; 4º Pai da Eternidade, sendo ele apresentado por João no Apocalipse como Alfa e ômega, o atributo fundamental da divindade está nele, eternidade, sem começo e nem fim. Aquele que subsiste para sempre; 5º Príncipe da Paz indica seu principal propósito, trazer paz às partes em conflito, isto é, Deus e o homem. O pecado separou o homem de Deus, agora em Cristo o homem pode ser reconciliado a Deus, pois nele todos os seus pecados podem ser perdoados.
Todas essas características de Cristo, antecipada por Isaías, podem se tornar reais em sua vida, todos nós precisamos de Jesus, sem ele não há salvação eterna, sem ele não há paz com Deus, sem ele não há segurança. O pecado só traz infelicidades, o seu jugo leva à morte. Mas Cristo veio trazer libertação, paz, alegria e plena felicidade. Hoje você pode entregar sua vida a Cristo verdadeiramente, aproveite para rever sua história, seu futuro. Pra onde irás? Qual é a razão do seu viver? O que você está construindo?
Disse Jesus: Venham a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados e eu os aliviarei, tomai sobre si o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e acharão descanso para suas almas. Comece um novo ano como discípulo de Jesus, discípulo significa aluno. Você deseja aprender de Jesus? Assim terá um feliz natal de Cristo em seu coração.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Davi versus Golias

1º Samuel 17: 10, 11, 21-24, 32-58


Antes de entendermos as aplicações espirituais da batalha entre Davi e Golias, é importante considerarmos alguns fatos culturais que nos ajudarão a compreender melhor essa história. 1º Na antiguidade era comum os exércitos se perfilarem (17: 21) e proporem uma batalha entre dois heróis, os quais representariam os exércitos, o vencedor determinaria a vitória de seu exército (17: 8-10); 2º Os povos criam que suas batalhas eram travadas pelos seus deuses num âmbito mais elevado e que seus exércitos eram apenas peças nessas batalhas, o deus mais forte determinaria a vitória de seu povo(17: 26); 3º Na antiguidade, o rei era o representante de Deus, ele deveria ser o soldado número um, aquele mais poderoso dentre todos, que deveria, em nome de Deus, defender seu povo, pois era o escolhido, o mais piedoso dentre todos (10: 1, 6, 23, 24); 4º O exército de Israel era composto de voluntários, cada um providenciava seu próprio alimento e armamento (17: 17).
Saul, rei de Israel naquele momento, tinha sido rejeitado pelo Senhor por causa da sua desobediência, ele sabia que o Senhor não estava mais com ele, por isso diante dessa situação, a qual ele deveria enfrentar Golias, o herói filisteu, não tinha fé. Golias, em nome do seu deus, desafiava o Deus de Israel, confiado na sua destreza, blasfemava e desafiava o exército do povo de Deus. Mas assim como Deus enviou seu filho ao mundo, Jessé envia Davi ao campo de batalha para visitar e prover seus irmãos. Lá, o homem de Deus, o verdadeiro rei de Israel, já ungido por Samuel, assume seu papel como líder do povo de Deus. Sua fé é desafiada, e ele a mostra diante de todos ao enfrentar uma luta a qual jamais poderia vencer sem a ajuda do Senhor. Davi, como se acreditava, era apenas uma peça nas mãos de Deus, mas tal atitude só poderia ser tomada por aquele que realmente tivesse fé, pois Golias era muito forte.
O crente também está numa guerra, muitos Golias se apresentam para desafiar-nos, afastar-nos de Deus. A Palavra de Deus nos fala sobre três grandes inimigos: Satanás, o pecado, que leva à morte e a carne. Jamais poderemos vencê-los confiados na nossa força, mas com fé seremos mais que vencedores por meio daquele que nos amou. Por isso a Palavra de Deus nos adverte que o “justo viverá por fé” e mais, “esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé” (1º João 5: 4). Em primeiro lugar para reconhecer a existência desses inimigos é necessário confiar (ter fé) no que a Bíblia diz; segundo, para vencê-los é necessário usar as armas que o Evangelho apresenta, as quais são: a Verdade, a Justiça, o Evangelho, a Fé, a Salvação e a Palavra de Deus (Efésios 6: 14-17). Jesus é a verdade, nele somos justificados, ele é a boa notícia de Deus, o salvador e a própria Palavra encarnada. Portanto, sem fé em Cristo é impossível vencer os inimigos.
Davi é um símbolo de Cristo, pois assim como Jesus substituiu-nos na cruz, enfrentou o pecado, a morte e Satanás, assim também Davi substituiu Saul e Jônatas. Saul rejeita a obra de Davi, mas Jônatas entendeu e aceitou em Davi com gratidão por ter o substituído na batalha contra o gigante, pois pela linha sucessória, o príncipe deveria lutar. Davi salvou Jônatas e a partir de então, Jônatas deposita sua confiança em Davi, tal confiança é demonstrada por suas atitudes de rendição (18: 1-4), testemunho (19: 4) e obediência e serviço (20: 4).
Davi como exemplo para nós, nos ensina que não há meia fé, ou cremos ou não cremos. Lutamos ou nos entregamos. Como símbolo de Cristo, ele nos ensina a descansar na sua salvação.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Raabe

Raabe (Js. 2: 1-23; 6: 17, 22-25; Sl. 89: 10; Hb. 11: 31) e Rute são duas mulheres gentias que participaram da linhagem de Cristo (Mt. 1: 5), cada uma delas tem uma história de conversão ao Deus de Israel interessante, nessa oportunidade estamos meditando sobre Raabe, sua história nos traz uma grande mensagem acerca da graça de Deus disponível a todos os que, arrependidos dos seus pecados, desejam pôr sua confiança no Deus verdadeiro. Raabe pertencia a um povo pagão politeísta, com suas crenças em muitos deuses e suas práticas totalmente contrárias à Lei de Deus. Apesar de temerem a Deus e ficarem amedrontados a respeito do juízo de Deus que viria sobre eles, não demonstraram arrependimento e nem fé no Deus verdadeiro, ao contrário procuraram lutar contra o povo de Deus. Mas mesmo diante de tanto pecado, a graça de Deus sempre alcança alguém. Mesmo que seja alguém a qual julgamos ser impossível a salvação, Deus sempre nos ensina que onde abundou o pecado, superabundou a graça. Raabe, como todos em Jericó, ouviu acerca da libertação que Deus efetuara aos Israelitas diante dos egípcios, como os guiou pelo Mar Vermelho enxuto e lhes deu vitória sobre todos os poderosos reis que resistiram ao longo da caminhada pelo deserto. Como em toda a história da humanidade a Palavra de Deus tem sua eficácia para salvação ou para condenação. Nos cananeus de Jericó, condenação, mas em Raabe, salvação, pois creu no Senhor e sua fé foi evidenciada por suas ações. Na vida de Raabe vemos cumprir o propósito missionário de Deus a Abraão e seus descendentes, isto é, ser uma bênção a todas as famílias da terra (Gn. 12: 3). Deus sempre desejou salvar a humanidade, oferecendo sua graça e chamando-a ao arrependimento e a obediência a sua vontade. Cristo, falando aos judeus, sempre procurava lembra-los acerca dessa graça estendida aos gentios e a fé de muitos deles sobrepujaram a muitos israelitas (Mt. 12: 41, 42 e Lc. 4: 25-27).
Muitos condenam Raabe pela mentira ao rei de Jericó (Js. 2: 4-5), outros procuram justificá-la diante das terríveis circunstâncias e ameaças de morte, seria a mentira justificável em certas circunstâncias? Não. A verdade sempre deve ser dita a despeito de qualquer situação, contudo, muitos crentes já tropeçaram em algum momento de suas vidas. Raabe foi salva não por suas qualidades morais, mentiras ou qualquer ato de seu passado, mas por sua resposta de fé ao Senhor. A história de Raabe nos lembra o perdão de Deus extinguindo nosso passado e a aquisição de um novo caráter.
É impressionante como os cananeus tiveram seus “corações desmaiados” (Js. 2: 11), crendo que o Deus de Israel é poderoso e verdadeiro, contudo, essa crença não os conduziu ao arrependimento, continuaram nos seus pecados, rejeitando ao Deus verdadeiro. Como nos nossos dias vemos as mesmas coisas! Não é suficiente crer na existência de Deus, esse conhecimento tanto pode aterrorizar como também transformar. Raabe fez a escolha certa. Precisamos também ajudar aos que crêem a entenderem que a verdadeira fé deve ser acompanhada de arrependimento e conversão, que a fé sem uma transformação de caráter e uma mudança de atitude em relação ao pecado é morta (Tg. 2: 17, 25), sem eficácia, pois não conduz a um compromisso pessoal com Deus. Raabe arriscou perder sua vida na esperança de salvação futura e não apenas a alcançou como também teve muitos outros privilégios (pertencer à linhagem messiânica e figurar entre os heróis da fé).
Não podemos ignorar na história de Raabe a reprovação dos “pregadores sem fé”. Num momento anterior Josué enviou doze espiões, dos quais dez mostraram falta de fé na promessa do Senhor. Agora ele envia apenas dois, certamente aqueles que creram na promessa do Senhor e certamente puderam ser usados para salvação de Raabe e seus familiares. Assim também hoje Deus nos mandou como mensageiros a “Jericó”, aqueles que crerem na promessa de salvação do Senhor serão usados por Ele para a salvação de muitas “Raabes”. Quantas “Raabes” você tem levado a Cristo?

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Monte da Transfiguração

Lucas 9: 28-36


Esse acontecimento está inserido num momento de questionamento, as multidões estão especulando a respeito de Jesus, uns diziam ser ele Elias, outros João Batista e outros alguns dos profetas antigos. Nesse momento é necessário que os discípulos saibam quem realmente é Jesus, por isso Ele os interroga, quer ouvi-los, quer que confessem no que crêem. Prontamente, Pedro, em nome de todos, responde que Jesus é o Cristo. A partir daí, é importante que saibam o que isso significa: 1º “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (v.23). Jesus está ensinando que segui-lo implicaria perseguição, rejeição, luta contra si e contra muitos e cruz (sofrimento e morte). O Cristo veio para sofrer e morrer; 2º “... a aparência do seu rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram de brancura” (v.28). Jesus também lhes ensina que os sofrimentos precederão à glória. Toda expectativa judaica a respeito de um Cristo glorioso, seria satisfeita num momento futuro, mas agora o que o aguardava era a expiação dos pecadores por meio da cruz. A transfiguração é o único momento no ministério de Jesus em que sua glória é revelada, mesmo que seja a um pequeno grupo (Pedro, João e Tiago). Diante dessa única revelação de glória, surge uma pergunta: Por que Moisés e Elias apareceram como testemunhas da glória de Cristo? 1º Representavam a Lei e os Profetas, a Lei que revela a justiça de Deus e os profetas que anunciavam a manifestação da graça de Deus; 2º Moisés, considerado pelos judeus o maior profeta de todos os tempos e Elias, o precursor, destinado a reaparecer exatamente antes da volta de Cristo para instituir o Reino de Deus na terra.
Outro ponto importante a ser considerado é o tema da conversa entre Moisés, Elias e Jesus. Apesar de estarem em glória, falavam de sofrimento e morte. A palavra original usada para descrever a partida de Jesus é a mesma usada para descrever a partida dos israelitas do Egito, isto é, êxodos. Jesus enfrentaria uma situação semelhante à de Moisés, claro que numa esfera muito maior, mas vejamos alguns pontos semelhantes: 1º Enfrentar um inimigo forte: Faraó / Diabo; 2º Conduzir o povo à libertação: escravidão / pecado; 3º Deserto antecede Canaã / Cruz antecede o céu; Ratificar uma aliança: Lei / graça; Instituir um sacerdócio: levítico / todos os crentes; Estabelecer um Reino: visível / invisível etc. Em Hebreus 11: 26 há uma identificação de Moisés com Cristo, quando esse rejeita a glória oferecida por Faraó em troca da grande tarefa de preparar o caminho de Cristo, pois contemplava a recompensa celestial.
Também vemos em Elias muitas semelhanças das quais duas se destacam: 1º A grande agonia diante da morte (1 Reis 19: 4) e a “partida” para os céus, de modo glorioso (2 Reis 2: 11).
Há nesse episódio uma grande lição aos crentes que desejam apenas reunirem, usufruindo da glória do Senhor, enquanto no vale almas aflitas esperam a salvação. Pedro, Tiago e João refletem o anseio dos crentes pela glória ao proporem permanecer ali (v. 33). Contudo, esquecem da grande comissão do Evangelho: “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura...”.O Senhor Jesus lhes ensinou sobre o serviço cristão e não aceitou tal proposta, mas no dia seguinte os levou às multidões e libertou um homem oprimido por um espírito maligno, ensinando que o culto deve ser sucedido pelo serviço.
Aprendemos também sobre a superioridade de Cristo, pois diante de dois grandes vultos do Velho Testamento os discípulos queriam igualá-los, mas o Pai testemunhou acerca da primazia do Filho em relação a todos os profetas do Velho Testamento dizendo: “Este é meu Filho, meu eleito: a ele ouvi” (v. 35). Da mesma forma o escritor aos Hebreus ratifica a superioridade de Cristo (Hb. 3: 3).
A palavra do Pai nesse momento de glória revelada, também identifica Jesus Cristo com o profeta prometido em Deuteronômio 18: 15, “... a ele ouvirás”. A presença de Moisés ratifica tal profecia, pois foi ele que a profetizou.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O Toque de Jesus

“Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos, e não temais!” Mateus 17: 7.



No monte da transfiguração, os discípulos Pedro, Tiago e João tiveram o privilégio de testemunharem o único momento no ministério de Jesus em que ele revelou sua glória. Ficaram maravilhados, desejaram permanecer ali. Contudo, o Senhor Jesus lhes ensina que ver a glória do Senhor implica em servi-lo, todos que contemplaram a glória do Senhor foram dedicados à obra de Deus. Moisés viu a glória do Senhor e serviu-o arduamente até sua morte, Isaías também viu a glória do Senhor e experimentou a morte cruel na mão do rei Manassés, pois apontava seus pecados e o chamava ao arrependimento. E por que esqueceríamos desses três valorosos discípulos que segundo a história experimentaram uma morte tão cruel! Tanto na glória, quanto no sofrimento e desprezo, precisamos do toque de Jesus. O toque de Jesus é restaurador, pois nos ergue do chão, tira nossos temores e nos ajuda a continuar.
Aos seus discípulos Jesus disse: No mundo tereis aflições. As aflições fazem parte de nossa vida, mas sabemos em quem temos crido e é poderoso para nos conduzir a salvo até o último dia. Talvez você deseje ver a glória de Deus, deseje estar livre de todos os problemas, vencê-los. O toque de Jesus não nos garante uma vida sem problemas, mas nos dá forças pra enfrentar, nos dá confiança. Com ele vamos até o final.
O toque de Jesus purifica, os leprosos foram purificados com seu toque, “sê limpo”, disse Jesus após tocar um leproso. Assim também nós, diante do peso de nossos pecados, podemos receber o perdão pela fé no toque de Jesus, quem somos nós? Pecadores miseráveis diante daquele que é santo, santo, santo. Mas ele nos ama com amor eterno.
O toque de Jesus ilumina, os cegos viram a luz, após serem tocados por Jesus. Abriram-se os olhos de muitos. Assim também nós quantas vezes não víamos a salvação do Senhor, quantas vezes estávamos perdidos sem saber pra onde ir, nem pra onde iríamos. Mas Jesus tocou-nos e agora vemos nossos pecados e também o salvador.
O toque de Jesus liberta, Quantos estão presos nas garras do pecado, precisando de libertação, precisando experimentar a verdadeira liberdade ao poder dizer não ao pecado que tantas desgraças e infelicidades têm trazido ao homem.
“Chegai-vos a Deus e ele chegará a vós outros”, todos que receberam o toque de Jesus se aproximaram dele antes com fé. Que hoje você se apresente diante de Jesus com coração contrito, arrependido, confiante de que nele encontrará salvação.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Aliança ou Testamento?

“Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice e disse: Este é o cálice do novo testamento no meu sangue derramado em favor de vós”. Lucas 22: 20.


Havia duas palavras na língua grega que expressavam a idéia de acordo entre partes, "suntheke" e "diatheke". Contudo, cada uma continha um conceito diferente de acordo. "Suntheke" era usada para indicar um acordo entre partes iguais, isto é, contratos em que as partes costuravam juntas, cada qual contribuía com sugestões que seriam incorporadas ao contrato. Usada para casamentos, acordos comerciais entre indivíduos ou acordos de paz entre Estados. No conceito de "suntheke" estava incluso a idéia de igualdade. Encontramos "suntheke" na versão grega do Velho Testamento em Josué 9: 6, que descreve a aliança entre Israel e os Gibeonitas; Juízes 2: 2, que descreve alianças entre os habitantes de Canaã e Israel e 1º Samuel 23: 18, que descreve aliança entre Davi e Jônatas. "Diatheke", por sua vez, indicava um acordo em que uma parte determinava sozinha as cláusulas do contrato, essa parte determinante assumia uma posição de superioridade sobre a outra que deveria apenas aceitar ou rejeitar, não poderia jamais alterar um item sequer. No Velho Testamento foi utilizada em Gênesis 9: 12 para descrever a aliança entre Deus e Noé; em Gênesis 17: 4, para descrever a aliança de Deus com Abraão e em Deuteronômio 4: 13, para descrever a aliança de Deus com Israel.
Diante disso, ao analisarmos a palavra utilizada por Lucas no versículo acima, descobrimos que ele utiliza "diatheke", não somente ele, mas também Mateus (26: 28), Marcos (14: 24), Paulo (Romanos 9: 4) e o escritor aos Hebreus (7: 22; 8: 6, 9, 10; 12: 24; 13: 20), todos eles usam-na para descrever o acordo estabelecido por Deus aos homens, cuja idéia principal estabelece a superioridade de Deus sobre os homens.
Ao pesquisarmos na nossa cultura e idioma uma palavra que trouxesse o conceito de acordo entre partes que não estão numa posição igualitária, vamos encontrar TESTAMENTO. Testamento é um acordo estabelecido por uma parte, o testador, que assumi uma posição de superioridade, que por si só e por sua inteira vontade, estabelece os itens desse acordo, não cabe a outra parte nenhuma participação, alteração ou imposição sobre ele, mas somente aceitar ou rejeitar.
A partir daí, é nos apresentado todo o conceito da salvação oferecida por Deus através de Jesus Cristo. Visto que Deus estabeleceu uma grande salvação, na qual é oferecido ao homem um acordo segundo a vontade de Deus. Todas as cláusulas desse acordo são apresentadas por Deus no Evangelho. A parte do homem consiste em: Reconhecimento de sua condenação por causa de seus pecados; Arrependimento deles todos; Fé em Cristo que morreu como substituto por nós, levando sobre si todos os nossos pecados; Aceitação incondicional do senhorio de Cristo sobre sua vida, ou seja, tomar sobre si o Seu julgo. A Deus cabe: Conceder ao homem vida eterna; Transformá-lo mediante a presença incondicional do Espírito Santo na sua vida; Dar-lhe vitória sobre o pecado e conceder-lhe paz com Deus. Tudo isso já foi estabelecido por Deus, o homem não pode alterar nenhuma das promessas estabelecidas, nem acrescentar, nem extrair. Somente aceitar ou rejeitar.
A idéia de testamento é ainda mais fortalecida pela morte do testador, Cristo. “Porque onde há testamento é necessário que intervenha a morte do testador; pois um testamento só é confirmado no caso de mortos; visto que de maneira nenhuma tem força de lei enquanto vive o testador” (Hebreus 9: 16, 17). Isso significa que Deus tomou a iniciativa, por sua riqueza em graça, de oferecer uma salvação ao homem que não tinha nenhum direito e que não merecia nada.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Feto tem alma?

O assassinato, além de ser uma transgressão ao Código Penal, é também uma transgressão à lei de Deus. A Bíblia claramente afirma que os assassinos não herdarão o Reino dos Céus (Apocalipse 21: 8).
O papel da igreja é pregar o Evangelho de Jesus que aponta para a pecaminosidade de todo ser humano, mas oferece um meio de salvação através da fé em Jesus por Seu sacrifício expiatório pelos pecados de todo aquele que crer nEle. O homem arrependido dos seus pecados ao aceitar Cristo como seu único Salvador e Senhor é transformado numa nova criatura, a qual buscará a justiça e rejeitará a injustiça e se tornará habitação do Espírito Santo de Deus. O corpo do crente pertence a Jesus, pois foi comprado por preço de sangue.
Estamos vivendo um momento em que parte da sociedade deseja ter a “liberdade” de tirar a vida de seus filhos, estando ainda no útero materno. Aqueles que amam a Deus e a seu próximo (seja o próximo um feto ou não) devem lutar contra essa tentativa de banalizar a vida. Não precisamos provar que o feto tem vida e constitui uma pessoa com todas as características comum a alguém que já saiu do útero, tais como: sentimentos, desejo de viver e acima de tudo ALMA. Não precisamos, pois a maioria daqueles que deseja essa “liberdade”, tem uma formação que os proporciona saber isso. A luta a favor do aborto tem como alicerce, não a ausência de vida no feto, mas o desejo de uma “felicidade” sem que seja preciso assumir as conseqüências de seus atos, principalmente quando esses atos atingem a outros.
Se a felicidade é estar num estado de paz, alegria, satisfação, tranqüilidade... Será que um pai ou mãe que tira a vida de um filho, que depende deles pra viver, não terá conseqüências psicológicas ao longo da vida por um ato feito por mero capricho de achar que viver sem ter de cuidar de alguém fará a vida melhor?
Caros leitores, precisamos ver a vida pela ótica do outro, foi isso que Jesus ensinou: “Aquilo que quereis que os homens vos façam, façais a eles”. Se perguntássemos a um feto o que ele acha do aborto, o que será que ele responderia? Creio que o fundamento do aborto está no egoísmo, tiremos o egoísmo das pessoas e nunca pensariam em abortar.
Só há um antídoto contra o egoísmo, Jesus Cristo. Entregue a tua vida a Ele e deixe-O transformá-la.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

"Koinonia"

No N.T. há uma palavra que tem a ver com a idéia básica da comunhão, "koinonia". Ela também é usada para expressar a idéia de comunidade. No grego dos dias de Jesus, "koinonia" tinha três significados distintos: (1) Significava muito comumente uma sociedade comercial; (2) Era usada especialmente a respeito do casamento, duas pessoas se unem no casamento a fim de terem “koinonia de vida”, ou seja, a fim de viverem juntos uma vida em que tudo é compartilhado; (3) Era usada no relacionamento com Deus que o homem mantém. Quando examinamos as associações em que a palavra é usada, chegamos a ver quão ampla é a comunhão que deve caracterizar a vida cristã.
1. Na vida cristã há uma "koinonia" que significa um compartilhar de amizade e uma permanência no convívio dos outros (At. 2: 42). É muito interessante notar que essa amizade é baseada num conhecimento cristão mútuo (1 Jo. 1: 3). Somente aqueles que têm amizade com Cristo podem ser verdadeiros amigos uns dos outros.
2. Na vida cristã há uma "koinonia" que significa uma divisão prática com os que são menos afortunados. Paulo usa a palavra três vezes em conexão com a coleta que levantou nas suas igrejas para os santos pobres de Jerusalém ( Rm. 15:26; 2 Co. 8:4 e 9: 13). A comunhão cristã é uma coisa prática.
3. Na vida cristã há uma "koinonia" que é uma cooperação na obra de Cristo (Fp. 1: 5). Paulo dá graças pela cooperação dos filipenses na obra do evangelho.
4. Na vida cristã há uma "koinonia" na fé. O cristão nunca é uma unidade isolada; é membro de um convívio da fé (Ef. 3: 9).
5. Na vida há uma "koinonia" no Espírito (2 Co 13: 14; Fp. 2: 1). O cristão vive na presença, no convívio, na ajuda e na orientação do Espírito.
6. Na vida cristã há uma "koinonia" com Cristo. Os cristãos são chamados para a "koinonia" de Jesus Cristo, o Filho de Deus (1 Co. 1: 9). Aquela comunhão é achada especialmente na Ceia do Senhor (1 Co. 10: 16). O cálice e o pão são a "koinonia" do corpo e do sangue de Cristo. Na ceia do Senhor, acima de tudo, os cristãos encontram a Cristo e também uns aos outros. Além disso, essa comunhão com Cristo é a comunhão dos seus sofrimentos (Fp. 3: 10). Quando o Cristão sofre, possui, no meio da dor, a alegria de saber que está compartilhando coisas com Cristo.
7. Na vida cristã há a "koinonia" com Deus (1 Jo. 1: 3). Mas deve ser notado que aquela comunhão tem condições éticas, porque não é para aqueles que escolheram andar nas trevas (1 Jo. 1: 6).
A "koinonia" cristã é aquele vínculo que liga os cristãos uns aos outros, a Cristo e a Deus.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O Olhar de Jesus

“Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” Mateus 9: 36.



Jesus disse que os olhos são a lâmpada do corpo (Mt. 6: 22), por eles podemos passar informações a respeito de nós, revelarmos as nossas intenções, mas também por eles podemos absorver, entender o que está a nossa volta. Mateus nos diz que o olhar de Jesus não era um mero olhar descompromissado, sem interesse, de alguém que não consegue enxergar além. Mateus nos diz que o olhar de Jesus era um exame, que lhe dava conhecimento a partir do que via. Portanto, todas as conclusões a que Jesus chegava era o resultado de um olhar profundo, daquele que via mais do que qualquer pessoa, via o interior. O verbo ver usado por Mateus vai significar em outros tempos verbais “sei por que vi”.
Diante de um olhar tão profundo todas as coisas ficam patentes, o homem é desnudado diante de sua face. Aflição, cansaço e desorientação despertam em Jesus um sentimento de compaixão, o qual significa sentir a mesma coisa. Jesus sentia a dor daquele povo porque via além do exterior. Muitos conseguem enganar os que lhes cercam, ao passar uma imagem falsa a respeito dos seus verdadeiros sentimentos. Quantos que aparentemente estão tão felizes, satisfeitos, animados, decididos, firmes num determinado propósito, mas que por dentro estão infelizes, frustrados, desanimados, indecisos, incertos etc? Só Jesus pode nos ver como realmente somos, por isso só ele pode sentir uma verdadeira compaixão, baseada em informações sólidas e verdadeiras, só ele pode nos socorrer. Ele nos oferece paz, descanso e orientação.
Assim como Jesus está disposto a nos ver e nos ajudar, assim também é necessário que nós o olhemos diferentemente. Davi disse no Salmo 34: 5 “Contemplai-o e sereis iluminados, e os vossos rostos jamais sofrerão vexame”. Que tipo de olhar tu tens tido a respeito de Jesus? Um olhar de dó? Um olhar de admiração? Um olhar de felicitação? Ou um olhar de alguém que diz: tem misericórdia de mim, pois sou o mais vil de todos os pecadores, estou afundando! Se não vemos Jesus como nosso Salvador e Senhor, jamais encontraremos nele paz, descanso e orientação.
No evangelho de Mateus 14: 30 ele nos conta a história de Pedro que experimentou algo extraordinário, olhando pra Jesus com confiança, andou sobre as águas sob a Palavra de Jesus. Contudo, num determinado momento, Pedro começa a olhar a sua volta. Um simples olhar, diferente do de Jesus, um olhar que só vê a superficialidade das coisas, um olhar sem confiança, Pedro começa a submergir. Creio que há muitos nesse momento que estão com os olhos desviados de Jesus, estão reparando o mundo e sua atração os tem feito afundar num mar de ilusões. Desorientados sem perceber, o cansaço dará lugar à aflição e aí perceberão quanto tempo foi perdido na busca por prazeres que só levam à destruição. Espero que ainda possas, como o filho pródigo, voltar aos braços de Jesus e ser restaurado pelo olhar compassivo do Senhor que tanto quer nos guiar pelas veredas da justiça por amor de seu nome.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Piedade

"Eusebéia" é a palavra grega traduzida por piedade, ela ocorre quinze vezes no N.T. Dez vezes ela aparece nas Epístolas Pastorais (Timóteo I e II e Tito). Em 1 Tm.2: 2 mostra-nos que ela deve ser o objetivo de uma vida cristã saudável; em 1 Tm 3: 16 diz-nos que ela precisa ser conhecida, pois não é natural; em 1 Tm 4: 7 somos convocados ao exercício dela; em 1 Tm 4:8 aponta que seu proveito é total; em 1 Tm 6: 3 diz-nos que precisa ser ensinada; em 1 Tm 6:5 são condenados os que fazem lucro financeiro com ela; em 1 Tm. 6: 6 diz-nos que se praticada com alegria traz muitos benefícios ao praticante; 1 Tm. 6: 11 somos conclamados a segui-la; 2 Tm. 3: 5 condena aqueles que apenas aparentam-na, mas não a vive; Tt. 1: 1 fala da verdade que é segundo a piedade, a qual deve ser promovida.
Por ser a língua dinâmica, ou seja, está sempre em processo de mudança, nos deparamos com situações difíceis na interpretação das palavras. Piedade é um exemplo disso, quando se usa essa palavra hoje, a intenção é de apontar alguém que tem um sentimento de compaixão diante de uma miséria qualquer, é usada como sinônimo de pena, dó. Contudo, pena ou dó revelam apenas um pequeno aspecto de piedade (eusebéia), que tem ganhado tanta força que agora se tornou o único sentido utilizado. Diante disso ficamos sem uma palavra que consiga expressar sozinha todo o conceito de "eusebeia". Isso tem levado muitas pessoas a concluírem erroneamente que Deus deseja apenas que tenhamos dó das pessoas, que ser cristão é apenas ter sempre pena dos outros. Diz-se: “nem um “cristão” pra me ajudar!”. Ser piedoso é muito mais que isso. Ser piedoso é amar, temer, respeitar, conhecer, obedecer todos os mandamentos de Deus, incluso nisso também o fato relevante de amar, respeitar e cuidar da família.
A partir do conceito restabelecido de "eusebeia", vamos examinar os versículos citados das Epístolas Pastorais: Devemos orar pelas autoridades para que sejam justas e não impeçam de praticarmos a Palavra de Deus, para que não criem leis que contradigam a Palavra de Deus para que possamos praticar a piedade tranqüilamente; a verdadeira piedade nos foi revelada por Cristo em todos os aspectos de sua vida desde sua encarnação até sua glorificação, agora em Cristo podemos ser justificados diante de Deus, justificação sempre foi o alvo da piedade; a piedade não é apenas um conjunto de conceitos teóricos, ela deve ser praticada, exercitada e seu fruto beneficiará tanto o praticante quanto os que o rodeia; piedade é doutrina, precisa ser ensinada, lembrada, repetida, todos precisam aprendê-la, não pode ser regida por “achismos”, tem de ser segundo a doutrina revelada nas Escrituras; a prática da piedade não pode ser uma atividade comercial, mercadológica, não pode ter o alvo de enriquecer-se; sua pratica com alegria e voluntariedade gerará uma vida integra e plena; amor ao dinheiro, avareza, uso indevido do dinheiro público são ações que revelam impiedade, o piedoso é honesto; a piedade é vivida primeiramente no coração e depois é demonstrada com atitudes sinceras e verdadeiras que perduram; a piedade não pode estar baseada em superstições, fábulas ou revelações de “profetas” que falam segundo suas próprias idéias e que nem conhecem a Palavra de Deus.
A piedade (eusebéia) sintetiza todo o comportamento cristão, sua riqueza precisa ser cultivada, os verdadeiros cristãos serão identificados por uma vida piedosa, a pratica da piedade é uma atividade motivada pelo Espírito Santo na vida daquele que nasceu de novo, cujo objetivo é glorificar a Deus.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

"Post Mortem"

“... Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico, e foi sepultado. No "hádes", por estar em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro, o mendigo, no seu seio”. (Lucas 16:22, 23).


O pós-morte tem, ao longo dos séculos, trazido muitas aflições à humanidade. Desde a Antiguidade o homem busca uma explicação que lhe traga consolo a respeito do fato inquestionável que todos morreremos. Os gregos acreditavam que a alma era imortal e que ao morrer era levada ao "hádes". Lá não tinha lembranças da vida terrena, a não ser em situações especiais, e estava sujeita a uma eterna escuridão e monotonia. Isto é, era uma situação completamente triste e sem sentido.
Quando o Filho de Deus veio ao mundo trazer a revelação do Pai e iluminar a mente dos homens com o Evangelho da graça de Deus, uma nova esperança surge. O "hádes" poderia ser melhor do que os gregos imaginavam, ou pior.
Melhor, porque o Senhor Jesus nos apresenta um lugar diferente para aqueles que forem salvos por Ele por meio da fé, Ele o chama de seio de Abraão (lugar de consolo e alegria), paraíso (palavra de origem persa que significa jardim) Lucas 23: 43 e, além disso, prometeu “preparar lugar na casa de seu Pai” (João 14: 2, 3).
Pior, porque o Senhor descreveu o "hádes" como sendo um "geena" (lugar onde todo o lixo e restos mortais de animais e criminosos eram lançados e que devido aos gases produzidos pelo lixo, tinha um fogo que nunca se apagava) espiritual, ou seja, muito pior do que os gregos imaginavam.
Hoje, muitos preferem acreditar na mortalidade da alma, pensam que a morte do corpo é o fim da existência humana. Contudo, uma grande salvação é anunciada por Cristo, uma grande esperança: A morte não é o fim, Cristo morreu para pagar o preço da nossa salvação e ressuscitou para mostrar-nos que é maior do que a morte. Essa grande salvação traz-nos esperança, pois ela consiste em dar ao homem uma nova vida, transformando-o de servo do pecado a servo da justiça e garantindo-o um lugar na pós-morte (seio de Abraão, paraíso) de delícias e prazeres sem fim, como descreve o nosso Senhor na passagem acima citada.
Em Cristo, não tememos o pós-morte, pois temos a esperança de um lugar infinitamente melhor do que aqui, “a nossa pátria celestial, de onde aguardamos o nosso Salvador”.
O Evangelho apresenta dois destinos para a alma, para onde irás? Creia em Cristo hoje como seu único Salvador e Senhor, entregue a ele a sua alma e descanse em Sua promessa. “Maranata, ora vem Senhor Jesus”.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

A Missão do Consolador

“Parácletos” é a palavra grega traduzida no evangelho de João (e.g. 14: 7) por consolador, e na 1º carta de João por advogado (e.g. 2: 1). Isso claramente nos mostra a função e missão do Espírito Santo. O Espírito Santo foi prometido por Cristo antes de sua partida para o céu, seu propósito seria: “convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (João 16: 8); guiar os crentes a toda verdade (João 16: 13); glorificar a Cristo (João 16: 14); conceder dons espirituais aos crentes (1º Coríntios 12: 7), os quais são relacionados na Palavra de Deus (1º Coríntios 12; Romanos 12 e Efésios 4: 11); além de habitar no crente (João 14: 17) e consolá-lo em todos os momentos difíceis, fortalecendo-o na luta contra o pecado (Gálatas 5: 16, 16).
Vivemos um momento de muita confusão e sincretismo religioso, os crentes em Cristo, muitas vezes chamados de evangélicos, estão cada vez estudando e conhecendo menos a Palavra de Deus. Isso tem deixado muitos à mercê daqueles que não têm um compromisso com a Palavra de Deus, que não querem ensinar ou pregar o Evangelho revelado na Bíblia, mas querem entreter o povo; iludir com uma manifestação sobrenatural, que não tem origem em Deus e que, às vezes, é falsa; explorar a boa fé e muitas vezes enriquecer à custa da ignorância do povo. Para isso têm mesclado o Evangelho com manifestações espíritas e muitas vezes da macumba, candomblé e outras religiões africanas e orientais.
Há, nesse momento, uma epidemia de manifestação sobrenatural em algumas igrejas evangélicas conhecida como bênção de Toronto, essa manifestação de espíritos malignos tem sido confundida por alguns como manifestação do Espírito Santo, no entanto, não há nada semelhante na bíblia, nenhum exemplo de tais manifestações na igreja primitiva registrada pelos apóstolos ou evangelistas, não se enquadram em nenhuma das funções do Espírito Santos descritas na Palavra de Deus.
Tais manifestações, que são: cair para trás, após ser possuído por um espírito passado por um indivíduo que soprou ou, de alguma forma, tocou; receber um espírito que leva o possuído a rir freneticamente sem uma razão real por horas; imitar o som e o movimento de animais num estado de transe; agitar-se no chão sem controle dos movimentos, mas possuído por uma força incontrolável, são provas que muitos estão atrás apenas de manifestações sobrenaturais, sem o menor interesse na Palavra de Deus, como disse o apóstolo Paulo: “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se a fábulas.” (2º Timóteo 4: 3, 4).
Meus irmãos orem e vigiem para não serem conduzidos ao erro, fiquem firmes na Palavra de Deus, não desviem nem para esquerda, nem para direita. Não abandonem o evangelho pelas novidades passageiras que não acrescentam nada à fé, mas que trazem apenas confusão e uma falsa sensação de poder espiritual que não tem nenhuma eficácia na luta contra o pecado.




Emerson Rocha de Almeida
Abril de 2008.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O Verbum Se Fez Carne




“E o verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”. (João 1: 14).

Verbum é a palavra do latim que significa palavra falada, diferente de scripta que significa palavra escrita. O tradutor da Bíblia, João Ferreira de Almeida, usou um latinismo para traduzir a palavra grega lógos, ou seja, tomou uma palavra do latim, idioma de elevado conceito em sua época, para tentar expressar o sentido da palavra lógos no português. Infelizmente muitos desconhecem esse fato e interpretam a palavra verbo no sentido moderno na língua portuguesa (classificação morfológica que indica movimento, estado ou fenômeno da natureza).

Lógos é uma palavra com conceito riquíssimo, dificilmente se conseguiria traduzir seu complexo conceito em uma palavra. O tradutor optou por um aspecto de lógos.

Na filosofia grega, lógos trazia o conceito de uma força que ordena, governa e cria todas as coisas no universo, para eles o lógos seria a “alma” do universo, sem o lógos o universo seria um caos, sem vida.

No judaísmo o lógos era a palavra falada que tinha em si mesma o poder de criar, fazer, realizar coisas. No Velho Testamento essa palavra foi usada em passagens que nos mostram tal sentido, ex.: “A Palavra de Deus é fogo consumidor” (Dt. 4: 24); “Por minha Palavra fundei a terra...” (Is. 48: 13); “Não é a minha Palavra fogo e martelo que esmiúça a penha?” (Je. 23: 29). Além do mais não podemos esquecer o relato de Gênesis sobre a criação, a qual pela Palavra de Deus foi feita.

João, o autor do evangelho, conhecendo tanto o conceito grego, como o conceito judaico, usado na tradução do Velho Testamento grego e também na tradução do Velho Testamento aramaico, apresenta Jesus Cristo, o Filho de Deus, como Lógos. Contudo, sua descrição do Lógos é mais abrangente, pois o apresenta como uma pessoa, um ser eterno que se tornou humano a partir de um nascimento virginal e que veio com um objetivo específico, salvar os homens dos seus pecados e de suas conseqüências.

Ao apresentar Jesus com essa roupagem, João toca a mente dos gregos destruindo todo o panteão e exaltando, pela razão, a existência de um ser supremo, criador de todas as coisas. Além disso, desvia os judeus da visão de um Messias que viria reinar em Jerusalém e restabelecer o reino davídico a Israel. A Palavra de Deus, poderosa e eficaz está agindo com poder transformador, recriando o homem, plantando nele uma semente regeneradora, formando um povo zeloso e de boas obras. A partir disso fica claro o objetivo do evangelho, o qual não é formar um novo Israel com as mesmas promessas políticas e de prosperidade da velha aliança, mas um Israel espiritual, dotado do Espírito de Deus, peregrino nesse mundo e esperançoso de uma pátria celestial onde habita a justiça e tem a presença do próprio Deus no meio dela.

Emerson Rocha de Almeida

27/05/2008

FARMAKÓS

FARMAKÓS

Farmakós é a palavra grega traduzida por feiticeiro no N.T., mas será que todos nós conhecemos seu conceito no 1º século da nossa era? Infelizmente a palavra feiticeiro não nos dá hoje uma compreensão exata do sentido de farmakós na cultura greco-romana. Farmakós vai dar a nossa palavra farmacêutico, que é aquele que após vários experimentos conclui que uma determinada substância tem um efeito científico sobre certa doença. Ou seja, não existe, na atividade farmacêutica, nenhuma inclinação religiosa, sua ênfase está num método científico conhecido por empirismo, que é a conclusão a partir de experimentos.

O que é um feiticeiro? Segundo o dicionário Aurélio é aquele que encanta através de feitiços. No saber popular é aquele que através de palavras “mágicas” e ritos com objetos consegue convencer a alguém que pode realizar algo desejado com auxílio de forças ocultas sobrenaturais.

Mas o que era um farmakós? Era alguém que comercializava poções “mágicas” a partir de rituais religiosos onde se invocava poderes sobrenaturais sobre determinado “remédio”, o qual teria poderes para realizar qualquer coisa desde curar doenças a resolver problemas de ordem emocional e também concretizar qualquer desejo. Tais poções eram manipuladas com invocações religiosas e se cria que tais espíritos ou deuses “energizavam-nas” para dar-lhes poderes especiais.

No Novo Testamento encontramos várias passagens, as quais condenam tais atos de farmakós (Gálatas 5: 20; Apocalipse 9: 21; 18: 23; 21: 8; 22:15). Diz-nos que aqueles que praticam essas coisas não herdarão o Reino dos Céus, pois são obras originadas no homem e não em Deus.

O que diremos, então, diante daquilo que se apresenta a nós, infelizmente até dentro de “igrejas evangélicas”? Onde temos visto vários farmakós com suas poções “encantadas, energizadas, ungidas, benzidas, com orações fortes” etc, prometendo inúmeros benefícios àqueles que as “receberem ou comprarem”. Segundo o N.T. esses atos são feitiçarias e estão condenados tantos os que oferecem quanto os que recebem. Uns prometem óleos ungidos, outros águas oradas e outros vendem qualquer objeto com a promessa de que se você levar para casa e ter fé aquilo que você anseia será realizado.

No livro dos Atos dos Apóstolos capítulo 19 a partir do verso 18 diz: “Muitos dos que creram (no evangelho de Jesus Cristo) vieram confessando e denunciando publicamente as suas próprias obras. Também muitos dos que haviam praticado artes mágicas, reunindo seus livros, os queimaram diante de todos. Calculando os seus preços, achou-se que montavam a cinqüenta mil denários (1 denário equivalia em média a 1 dia de serviço)”. Isso nos mostra o que é um cristão verdadeiro, aquele que se converteu de suas obras incapazes de justificá-lo diante de Deus e passou a confiar unicamente na obra redentora de Cristo na cruz, rejeitando todo misticismo e seguindo o evangelho de Jesus Cristo, o qual é suficiente para nos apresentar agradáveis diante de Deus e fazer-nos entender qual é o seu propósito para nossas vidas.

Portanto, não dê ouvido aos “farmakoi evangélicos”, pois a Palavra de Deus adverte na 2º Carta de Paulo a Timóteo capítulo 4 a partir do verso 3 que “haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas”.


Emerson Rocha de Almeida
Setembro de 2008