quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A Salvação Executada

“Assim, meus amados, como sempre vocês obedeceram, não apenas na minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor”. Filipenses 2: 12. (NVI).


A salvação pela graça é a doutrina mais importante do Evangelho, pois ela expressa o grande amor de Deus pela humanidade. Ao sabermos que fomos salvos pela graça e misericórdia de Deus, nosso coração se enche de gratidão e somos cativados a dizer: “Como posso retribuir ao Senhor toda a sua bondade para comigo?”. A resposta é nos dada logo em seguida: “Erguerei o cálice da salvação” (Sl. 116: 12). É evidente na resposta a posse da salvação, então poderíamos dizer: como retribuirei ao Senhor a salvação recebida? E concluindo que não há nada que poderíamos fazer para pagá-la, responderíamos: tornarei pública a salvação do Senhor. Assim entendemos que o salmista manifestava sua imensa gratidão e vasculhava no coração uma maneira de agradar ao Senhor diante de tamanha graça. Contudo, reconhece que vivê-la seria a melhor maneira de expressar gratidão.
Quando lemos o Novo Testamento podemos observar, principalmente o apóstolo Paulo, se esforçando para convencer seus leitores que a salvação efetuada em nós deveria nos conduzir ao “exercício de nossa cidadania de maneira digna do Evangelho” (Fp. 1: 27), que uma vez salvos, “somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras” (Ef. 2: 10) e mais, “Nós os que morremos para o pecado, como podemos continuar nele?” (Rm. 6: 2). Constantemente ele reafirma que a salvação é um presente de Deus e que ninguém é salvo pelas obras ou esforço, pois a glória é toda de Cristo (Ef. 2: 8-9).
Assim também aos filipenses ele ordena: “Ponham em ação a salvação de vocês”. A palavra grega εαυτων (heautôn) traduzida por “de vocês” indica posse, isto é, a salvação pertence a vocês, foi dada a vocês, então, vivam-na, executem-na, ponham-na em prática. Não podemos deixar de perguntar como fazer isso, todavia, a resposta está no versículo 5, o qual ordena: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus”. Tal atitude de Cristo é descrita nos versículos 6 a 8, a qual é obediência. Ainda no versículo 12 ele reafirma a obediência. Assim, pôr em prática a salvação significa obedecer a Palavra de Cristo.
Se nós somos salvos, somos de Cristo, pertencemos a ele. Fomos comprados por preço de sangue, ele se tornou nosso Senhor. Logo, não somos de nós mesmos, somos dele, devemos viver para ele. Portanto, temor e tremor deveria ser nossa atitude para com aquele que é todo-poderoso, se primeiro o amor não inundasse nosso coração, derramado pelo Espírito Santo, o qual habita em nós.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O Machado de Eliseu

“Sucedeu que, enquanto um deles derrubava um tronco, o machado caiu na água; ele gritou, e disse: Ai! Meu senhor! Porque era emprestado”. 2º Reis 6: 5.


Eliseu é um profeta de grande importância no Velho Testamento, pois ele foi um dos poucos que, entendendo o propósito de Deus para a humanidade, propôs alcançar o maior número possível de pessoas com a Palavra de Deus. Numa visão que antevia o sistema pedagógico de Jesus, o qual preparou um grupo de discípulos para que pudesse alcançar através deles um maior número de pessoas com o Evangelho, dá continuidade a um sistema semelhante, uma escola de profetas. Seu objetivo era levar a Palavra de Deus a todas as pessoas em Israel, contudo, a Palavra foi além das fronteiras (2º Reis 5: 1-19). Além de formar novos profetas, também se preocupava com suas necessidades familiares (2º Reis 4: 1-7). Através dessa escola de profetas, preparou inúmeros homens para que fossem até ao povo com a Palavra de Deus. Povo que para ouvi-la tinha de se deslocar até ao Templo de Jerusalém e lá após realizar seu sacrifício pelo pecado, permanecer ainda mais um pouco para aprendê-la. É evidente que poucos teriam condições de se deslocar para Jerusalém constantemente, assim o conhecimento do Senhor estaria restrito a um pequeno grupo de privilegiados. Mas o Senhor deseja que todos cheguem ao conhecimento da salvação. Eliseu, então, cumpre o mandato do Senhor ao levar a bênção a todas as famílias por meio da Palavra de Deus. E assim, Deus avivou aquele povo de tal maneira, que a casa onde funcionava a escola ficou pequena para abrigar tantos novos candidatos a missionários. Os alunos, empolgados com a possibilidade de ampliar o número de novos profetas, sugerem a Eliseu ampliar a escola. Eliseu acata a sugestão e após insistirem, os acompanha nessa empreitada.
Naquela época, século IX a. C, o machado era um instrumento caro e incomum, haja vista que provavelmente a escola de profetas não teria recursos abundantes, pois era independente do governo e do sistema religioso organizado, o Templo de Jerusalém. A prova disso é o fato de terem tomado emprestado o machado. Enquanto manuseava-se o machado, não se percebeu que ele afrouxava e por fim veio a soltar-se do cabo e cair no rio Jordão. O desespero tomou conta dos discípulos, mas o homem de Deus com toda sua experiência estava presente e após identificar o lugar exato onde o machado caíra, fez o ferro flutuar a partir de uma madeira lançada no lugar da queda. A alegria foi restaurada e a Obra do Senhor prosseguiu.
Além de aprendermos com o exemplo de Eliseu, um homem que se preocupou em encher a terra com o conhecimento do Senhor, também podemos extrair algumas lições do episódio com o machado: I. Assim como o machado era emprestado e fundamental ao serviço, assim também Deus nos emprestou dons e talentos essenciais à realização da Sua Obra e um dia teremos de prestar contas; II. Assim como o machado se afrouxou na mão do profeta, assim também nossos dons podem se afrouxar e tornar-se ineficazes por causa de nossos pecados não confessados; III. Assim como o profeta insistiu em continuar cortando as árvores com o machado frouxo, assim também se insistirmos em fazer a Obra de Deus em pecado, nós perderemos nossos dons; IV. Após o profeta perder o machado, Eliseu o restituiu depois de identificar o lugar da queda e lançar uma madeira sobre o local, assim também a restituição do crente ao serviço do Senhor não acontecerá sem que lembre onde caiu, arrependa-se e volte às praticas das primeiras obras, crendo que o sangue de Cristo derramado no madeiro nos purifica de todos os pecados; V. Contra todas as leis da física, o machado flutuou no rio, assim também contra todas as opiniões, as quais dizem: para ti não há mais jeito, Deus diz: Tudo é possível ao que crer.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Presbíteros de Éfeso Ouvem Paulo em Mileto

Atos 20: 17-38

“Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do Evangelho da graça de Deus”. Atos 20: 24.


Esse é o terceiro discurso de Paulo em Atos, o primeiro foi dirigido aos judeus (cap. 13), o segundo aos descrentes (cap. 17) e esse aos presbíteros. Seu objetivo era aconselhá-los a partir de seu exemplo, como disse Pedro: “Não como dominadores dos que vos foram confiados, mas tornando-vos exemplos do rebanho” (1º Pe. 5: 3). Paulo começa e termina seu discurso citando sua maneira de conduzir-se no meio deles. Um proceder constante e perseverante que visava exclusivamente o ensino da Palavra de Deus particular (nas casas) e publicamente (na sinagoga e na escola de Tirano (At.19:9)). O centro de sua pregação é apresentado no v. 24: “O Evangelho da graça de Deus”. Ele o desenvolve resumidamente nessas poucas palavras, nas quais podemos extrair ensinos valiosos sobre o Evangelho: 1º Arrependimento e Fé (v.21) – são fundamentos para a salvação do ouvinte, a mensagem que não desperte arrependimento de pecados e não conduza à fé em Jesus para a salvação, jamais poderá ser considerada uma pregação do Evangelho; 2º A graça (v.24) – o evangelho é a manifestação do favor de Deus ao homem que merece apenas a condenação, mas que devido à rica e abundante misericórdia de Deus, pela fé em Cristo, pode receber a salvação como presente de Deus (Ef.2: 8,9); 3º A aquisição (v.28) – somos adquiridos por Cristo, exclusivamente dele. O verbo traduzido por comprar indica uma ação de salvar e uma aquisição exclusiva, também aparece em 1º Tess. 5: 9; 2º Tess. 2: 14 e 1º Pe. 2: 9 sempre trazendo a idéia de posse exclusiva. Não é por acaso que Paulo usou o termo “servindo como escravo ao Senhor” (20: 19); 4º A edificação (v.32) – a firmeza não vem se não pela Palavra, a qual manifesta a sublime riqueza da graça de Deus. A graça nos leva à gratidão, a gratidão à perseverança, a perseverança à solidez, assim na graça edificamos uma casa sobre a rocha, pois se a nossa salvação dependesse de nossas obras ou méritos, seríamos como a casa firmada sobre a areia (Mt. 7: 24-27); 5º A herança (v.32) – não apenas fomos comprados, mas também recebemos o status de filho, sentamos a sua mesa, comemos de seu pão e bebemos de seu vinho. Pois no seu sangue foi ratificado um novo testamento, pelo qual fomos feitos herdeiros incondicionalmente.
Também nesse discurso, podemos aprender sobre as reais características de um servo que ama seu Senhor e se dedica ao seu chamado, façamos um diagnóstico de nós mesmos à luz desse servo exemplar, o qual pôde dizer: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1º Co. 11: 1). Não é difícil dizer às pessoas o que elas tem de fazer, difícil é arrastá-las após si. Paulo os arrastou após si, conquistou seus corações e agora diante de sua partida, sabendo que não mais o verão, o beijam com ternura. Vejamos algumas atitudes de Paulo que o qualificaram a tornar-se um líder de credibilidade: 1º Grande devoção no serviço do Senhor; tristezas, dificuldades e perseguições não o afastavam do seu objetivo (v.19); 2º Fidelidade à chamada para anunciar a Palavra de Deus a todos, em qualquer hora ou lugar (v.20); 3º Colocar o Reino de Deus em primeiro lugar na vida, acima de tudo, até mesmo da própria vida (v.24); 4º Amizade sincera, sem invejas ou cobiças, nunca abusou da liberdade concedida pelos irmãos para explorá-los. Apesar de que os que estavam com ele, estavam servindo à igreja e ao Evangelho, nunca impôs sobre os irmãos o dever de sustentá-los, embora devessem. Contudo, Paulo estava disposto a fazer isso com suas próprias mãos (vs.33,34).
Nessa passagem duas palavras são usadas para liderança: presbýteros e epískopos; a primeira é transliterada para presbítero e a segunda para bispo. Ambas trazem a mesma idéia: aquele que lidera, supervisiona.
Para maior esclarecimento leia meu artigo “Presbítero ou Bispo”. http://profemersonalmeida.blogspot.com/2008/09/presbtero-ou-bispo.html