quarta-feira, 29 de julho de 2009

Paulo Visita Macedônia, Grécia e Cidades do Egeu

Atos 20: 1-16

“Porque a nossa momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas”. 2º Coríntios 4: 17-18.


Durante três anos Paulo esteve em Éfeso, desenvolveu um excelente trabalho de ensino e implantação de igrejas. Em Éfeso foi informado pela casa de Cloe (1º Co. 1: 11) acerca das divisões entre os coríntios, então, lhes escreve a primeira carta (1º Co. 16: 19), corrigindo-os e manifestando o desejo de visitá-los (1º Co. 4: 19), envia-lhes Tito. Depois de algum tempo, Paulo já na Macedônia (Atos 20: 1), Tito o encontra com boas notícias acerca do impacto da primeira carta e conseqüente arrependimento dos coríntios (2º Co. 7: 5-8). Paulo, então, escreve a segunda carta aos coríntios. Ao tratar dos assuntos ainda pendentes, Paulo aproveita para ensinar-lhes a respeito da generosidade, testificando do amor demonstrado pelas igrejas da Macedônia, as quais estavam acima de suas posses mostrando voluntariedade (2º Co. 8: 1-9). Uma igreja deve manifestar superabundância, tanto na fé e na Palavra, como no saber e em todo cuidado, também no amor para com a Obra de Deus e para com os irmãos necessitados. O crente que não participa da Obra com suas ofertas, realmente não ama. E pobreza não é desculpa. Ao chegar a Corinto, permanece ali por três meses (Atos 20: 2-3), Esse tempo, aparentemente longo para uma visita de fortalecimento, foi necessário para colocar em ordem as muitas coisas pendentes e julgar todas as questões (2º Co. 13: 1). Disposto a voltar a Jerusalém para levar as ofertas levantadas por ele aos pobres da Judéia, decide passar novamente pela Macedônia, Trôade e Ásia, onde se reuniu com os presbíteros de Éfeso.
Em Atos 20: 7, temos a primeira menção do domingo como dia separado para reunião dos crentes (1º Co. 16: 2) e celebração da Ceia do Senhor. É evidente a relação entre a comemoração da morte do Senhor e o dia de sua ressurreição, visto que a Ceia do Senhor tem por objetivo trazer à memória a morte e a ressurreição do Senhor. O uso do infinitivo no texto original indica que a reunião tinha o propósito de partir o pão. É importante ressaltar que o segundo partir do pão no verso 11 refere-se a uma refeição comum e não a celebração da Ceia do Senhor, por isso o uso de outra estrutura verbal no texto original. Certamente precisavam se alimentar, pois a reunião durou a noite toda. Também era uma boa oportunidade de comunhão entre os irmãos, como nos ensina os primeiros crentes de Jerusalém “tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração” (Atos 2: 46). A igreja precisa reviver esses momentos, os crentes precisam se conhecer melhor. Vivemos um tempo onde o individualismo reina, onde as amizades são apenas virtuais, onde não temos tempo de nos envolver com os irmãos, conhecer suas necessidades, exercer a misericórdia. “Porque nenhum de nós vive para si mesmo...” (Rm. 14: 7).
O valor e o amor às Escrituras estavam evidentes na igreja de Trôade, foi ali que na segunda viagem missionária Paulo recebeu a visão que o impeliu à Macedônia (Atos 16: 8-10), entrando na Europa pela primeira vez com o Evangelho. A tão famosa Tróia com seus heróis e deuses, agora recebe o Evangelho da graça de Deus, a semente germina e mostra seu fruto na sede pela Palavra de Deus. Até mesmo Êutico, que provavelmente trabalhara duro durante todo o dia, estava ali para ouvir a Palavra de Deus. Apesar de toda dificuldade, recebeu a bênção do Senhor. Simbolicamente podemos dizer que aquele que ama a Palavra do Senhor, jamais ficará na morte. Mas como disse o apóstolo Paulo por causa da indiferença dos coríntios em relação à Ceia e a Palavra do Senhor “Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem” (1º Co. 11: 30).

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Paulo Enfrenta o Império da Idolatria

Atos 19: 23-40

“Congregai-vos e vinde; vós que escapastes das nações; nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar”. Isaías 45: 20.



Na segunda viagem missionária, Paulo desejou pregar na Ásia, contudo foi impedido pelo Espírito Santo e conduzido à Europa (Atos 16: 6). Agora, na terceira viagem missionária, Deus lhe abre a porta à Palavra. Precedido por Áquila e Priscila (Atos 18; 18, 19), encontra em Éfeso, principal cidade da Ásia Menor, uma grande oportunidade para pregação do Evangelho. Éfeso era uma cidade dominada pela idolatria e ocultismo (Atos 19: 19), sua economia dependia do forte comércio, pois era rota de passagem entre o Oriente e o Ocidente. Estava em Éfeso uma das sete maravilhas do mundo antigo, o templo da deusa Ártemis (enquanto que no texto original do Novo Testamento os deuses citados pertencem ao panteão grego, as nossas traduções utilizam os deuses do panteão latino (romano) equivalentes ao grego. Por isso, onde se diz Ártemis, “traduzem” por Diana; Zeus por Júpiter; Hermes por Mercúrio (Atos 14: 12) etc.). Esse magnífico templo era o orgulho da cidade e através dessa idolatria muitos enriqueciam, vendendo suas imagens religiosas, fazendo dessa atividade uma grande fonte de renda e trabalho (Atos 19: 25). É interessante como a idolatria sempre tem uma origem obscura, no caso dos efésios, acreditavam que a imagem da deusa tinha caído do céu (Atos 19; 35) e isso era suficiente para convencer a multidão que naquela pedra havia poder sobrenatural. Não é diferente a situação idólatra brasileira.
Algumas peculiaridades podem ser destacadas no trabalho missionário de Paulo em Éfeso: 1º O momento de iniciar o trabalho foi determinado explicitamente por Deus (Atos 16: 6); 2º O tempo de permanência em Éfeso foi maior do que em qualquer outra cidade (Atos 19: 8 10); 3º Milagres extraordinários foram realizados, o que nem sempre acontecia (Atos 19: 11); 4º Implantou-se uma escola bíblica (Atos 19: 9 10); 5º O Evangelho repercutiu por toda região ao ponto de abalar o legado de séculos da idolatria (Atos 19: 26); 6º Contra tudo que se podia esperar, Paulo teve apoio da elite romana representante na cidade (Atos 19: 31, 35). Apesar da extraordinária intervenção de Deus no ministério de Paulo em Éfeso, não foi fácil. Ele nos apresenta em passagens como Rm 16: 4; 1º Co. 15: 32 e 2º Co. 1: 8 que se não fora a misericórdia de Deus, ele teria morrido. Em muitos momentos sua vida esteve em risco ao ponto de em alguns momentos ele até se conformar com a morte. Mas a sua esperança cada vez se fortalecia, pois sabia em quem tinha crido. Em nenhuma outra cidade é tão enfatizado a importância do ensino da Palavra de Deus. Não poderemos combater idolatria criando idolatria disfarçada na igreja, não poderemos combater ocultismo criando rituais semelhantes na igreja, mas sim com a espada do Espírito que é a Palavra de Deus (Efésios 6: 17). Isso nos ensina que não poderemos combater a idolatria e ocultismo sem o ensino sistemático da Palavra de Deus, como disse Jesus: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8: 32). Ou também Paulo: “A fé vem por ouvir a pregação da Palavra de Cristo” (Rm. 10: 17).
Quanto maior a luta, maior a vitória. Em Éfeso, onde Paulo teve tribulação acima de suas forças, também teve um êxito que não houve semelhante em outro lugar. O Evangelho teve tamanha repercussão que igrejas foram fundadas num raio de até 160 km da cidade de Éfeso, podemos citar as outras seis igrejas mencionadas no livro do Apocalipse capítulos 2 e 3. Precisamos estar sempre alertas, pois mesmo que no passado se tenha ensinado muito a Palavra de Deus, o ensino precisa ser constante, visto que a operação do erro está sempre rondando, querendo entrar na igreja. Mesmo Paulo durante anos ter ensinado minuciosamente a Palavra de Deus em Éfeso, o falso ensino sempre precisava ainda ser combatido, a despeito disso Paulo roga a Timóteo que permaneça em Éfeso para admoestar a certas pessoas a fim de não ensinarem outra doutrina (1º Tm. 1: 3). Mesmo uma igreja nascida sobre sólidos fundamentos bíblicos, tendo recebido uma “overdose” de estudos bíblicos no início, pode vir a abandonar o primeiro amor e se não lembrarem onde caíram, se não se arrependerem e não voltarem a prática das primeiras obras, podem vir a deixar de existir como igreja, veja exemplo de Éfeso (Ap. 2: 1-7). Que Deus nos guarde disso!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Apedrejado em Listra por Judeus de Antioquia e Icônio

ATOS 14


“Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão” (2º Timóteo 4: 17).



A primeira viagem missionária continua pela Ásia Menor, especificamente ao sul, conhecida por Galácia, estas igrejas mais tarde recebem do Apóstolo Paulo a Carta aos Gálatas. Nesse capítulo veremos a evangelização das cidades de Icônio e Listra. Em Icônio, como sempre, Paulo e Barnabé vão primeiro à sinagoga, mostrando sua contínua preocupação com seus patrícios (At.13: 46; Rm. 9: 2-5). Ali, por muito tempo (v. 3), tiveram mais liberdade para pregar e o fizeram com tamanha ousadia, que muitos creram. Interessante a ordem em que as coisas acontecem: 1º muitos convertidos; 2º muitos sinais. Isso mostra que a principal preocupação do evangelista é com a pregação, pois por ela vem a fé e não em curar as pessoas. Essa receptividade acompanhada da fé proporciona ao Apóstolo, segundo orientação do Senhor, realizar muitos sinas e prodígios, os quais confirmavam a pregação. Logo, toda a cidade estava alvoroçada a ponto de se dividir. Parece que os judeus tinham tanta influência na cidade que conseguiriam ultrajar e apedrejar os apóstolos, toda via, mais uma vez, eles fogem e o tumulto encerra. Mas a igreja continua.
Em Listra, cidade bastante antiga, a qual falava seu próprio idioma (v. 11) e que tinha uma crença na qual, segundo Ovídio, no passado os deuses Zeus, o principal dos deuses gregos e Hermes seu mensageiro, (no panteão latino: Júpiter e Mercúrio) tinham visitado a cidade em forma humana e que por não terem sido bem recebidos, puniram a cidade. Essa crença estava fortemente presente no povo. Quando Paulo e Barnabé chegam à cidade, começam a evangelização, provavelmente na praça, onde se concentrava o aleijado. Esse ouve atentamente a pregação de Paulo (v. 9) e mostra-lhe sua fé em Jesus. Diante disso, Paulo ordena que levante. É bom ressaltar o dom de cura concedido por Cristo aos Apóstolos, o qual era uma das credenciais do apostolado (2º Co. 12: 12). Esse dom proporcionava ao Apóstolo autoridade de ordenar a cura, diferentemente do que acontece hoje, quando oramos e pedimos ao Senhor que segundo sua vontade cure o enfermo. Oramos e suplicamos porque não temos o dom de curar. O Senhor, sendo o mesmo ontem e hoje, cura ou não, segundo seu propósito. A multidão, ao ver tamanho sinal, cega por sua crença, grita em sua própria língua: “Os deuses em forma de homens baixaram até nós” (v. 11) e procura honrá-los apropriadamente, trazendo-lhes sacrifícios e enfeites próprios daquelas divindades. Contudo, os apóstolos rejeitam com veemência, pois é contra essas crendices vãs que o Evangelho se apresenta, para libertar o povo da mentira de Satanás que escraviza o homem, tornando-o presa fácil. Encontramos nos versos 15 a 17 um resumo excelente do Evangelho, que deveria permear nossas pregações, para que nosso povo também seja liberto das suas crendices e que muitas vezes, quando a liderança não vigia, traz para a igreja e se mistura com o Evangelho. Depois de tudo contornado, os apóstolos ainda enfrentam a perseguição dos judeus e dessa vez, conseguem apedrejar Paulo a ponto de o considerarem morto. Que lição para nós! Tantas lutas, intrigas e dores, mas eles continuam firmes. Voltam às igrejas estabelecidas, fortalecem os irmãos e promovem a eleição de presbíteros. Esse processo eleitoral acontecia entre os crentes e estes votavam levantando as mãos. Lucas, o autor do Livro dos Atos, usa o verbo grego χειροτονέω (cheirotonéo) que é traduzido em muitas versões como eleição, essa palavra não apenas indica eleição, mas também o processo pelo qual a eleição é feita, isto é, levantando as mãos.
Depois de concluírem todo o planejamento, Eles voltaram à igreja que os tinha recomendado, na outra cidade chamada Antioquia, essa da Síria. (Havia 16 cidades com o nome de Antioquia. Um antigo imperador nos anos 280 a. C. deu o nome de seu pai e de seu filho, “Antíoco”, a elas). Eles relataram tudo o que aconteceu, trazendo grande alegria e motivação aos crentes. Mesmo diante de um impasse doutrinário, não recuaram, resolveram a questão (Atos 15) e já planejaram outra viagem missionária. Que igreja ativa! Vamos imitá-la?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A Oposição dos Judeus ao Evangelho

“... Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais, e vós não julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios” Atos 13: 46.


A primeira viagem missionária do apóstolo Paulo continua, depois de saírem da ilha de Chipre, chegam ao sul da região da Galácia, na Ásia Menor (hoje Turquia). Havia nessa região uma forte comunidade judaica, visto que uma sinagoga, só era constituída a partir de no mínimo onze homens e tinha muita influência na elite da cidade (v. 50). Paulo sempre desejoso de levar os seus patrícios à Cristo (Romanos 9: 2-3) inicia a evangelização por eles, Paulo e Barnabé se aproximam e esperam uma oportunidade para lhes comunicar Cristo. Com eles aprendemos que evangelização se dá quando os crentes se aproximam dos descrentes e não o inverso. Paulo e Barnabé foram até eles e como era prática comum no século I nas sinagogas haver um espaço para discurso por um membro, perguntaram se eles tinham alguma palavra, prontamente aproveitam para anunciar o Evangelho. No seu discurso, Paulo segue um método muito comum no livro de Atos e que deveria ser seguido por todos que querem apresentar o Evangelho de forma simples e objetiva: 1º Começa pela história de Israel, apontando alguns pontos importantes no Velho Testamento que mostram Deus preparando o caminho para a vinda do Messias (17-23); 2º Apresenta o testemunho de João Batista e sua convocação ao arrependimento e a fé naquele que estava por vir (24-26); 3º Apresenta a vida de Jesus, destacando a morte e toda a conspiração dos judeus, os quais por ignorância cumpriram as profecias do Velho Testamento ao entregarem Jesus aos romanos para ser executado (27-29); 4º Apresenta a divindade de Cristo confirmada pela ressurreição e pelas profecias, as quais são algumas citadas e explicadas (30-37); 5º Por fim, conclui, apelando para que cressem em Jesus para que seus pecados fossem perdoados, algo que jamais conseguiriam pela Lei de Moisés e adverte que se rejeitassem seriam considerados desprezadores de Deus, ou seja, rejeitar a Cristo era rejeitar àquele a qual diziam temer e também às Escrituras (38-41). Ao terminar, se apresentam os convertidos, judeus e gentios crêem e começam a ser discipulados por eles (43), certamente isso é feito ao longo da semana que separa o próximo sábado.
A oposição dos judeus, movidos por inveja e descrença se apresenta fortemente. No início, procurando impedir a pregação, fecham a sinagoga para o Evangelho e persuadem a elite local a expulsar Paulo e Barnabé da cidade. Apesar de terem êxito nisso, não conseguem impedir o crescimento dos crentes. Forma-se ali uma nova igreja local. Mas a oposição dos judeus não se restringia ao impedimento à pregação, mas tarde, quando percebem que não podem impedir a pregação, adotam outra estratégia. Ao se ler a Carta do apóstolo Paulo aos Gálatas, escrita alguns anos mais tarde, percebe-se que essa outra estratégia é a perversão do Evangelho. Paulo fica admirado de terem passado tão depressa do Evangelho da graça pregado por ele para outro evangelho ou um misto de evangelho e judaísmo (Gálatas 1: 6-7). Hoje, o inimigo de Deus continua utilizando a mesma estratégia: perseguição e perversão. A mais comum das perversões é o ensino de uma salvação através do merecimento dos homens ou “boas obras”, anulando assim a salvação pela graça por meio da fé. É impressionante que essa perversão pode até atingir crentes sinceros e verdadeiros, levando-os ao erro e muitos através deles, como, por exemplo, o apóstolo Pedro e Barnabé que confrontados por Paulo, tornaram-se repreensível, pois persuadidos pelos judeus, apoiavam essa outra mensagem, a qual se baseava na salvação pela obediência à Lei de Moisés. Paulo, indignado, reafirma a justificação por meio da fé em Cristo Jesus (Gálatas 2: 11-21). Paulo também não poupa a igreja desse desvio, pois os chama de: “Ó gálatas insensatos” (Gálatas 3: 1). Meus irmãos, assim como os gálatas, nós estamos também sujeitos às investidas do inimigo, o qual age pervertendo o Evangelho. Precisamos voltar ao estudo sistemático da Palavra de Deus. “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mateus 22: 29).